Espaço numérico digital destinado à circulação de informações culturais e de idéias provenientes de pessoas e dos afins dos descendentes físicos ou do pensamento de Mathias Simon (*05.05.1788 –+16.04.1866) e que ele materializou, em 1829, na migração com a sua família para a América.

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sexta-feira, 22 de abril de 2011

MATHIAS SIMON na HISTÓRIA -01

MATHIAS SIMON e a sua INSERÇÃO na

HISTÓRIA do RIO GRANDE do SUL


Mathias Simon foi maior do que os fardos que carregou na sua vida


Condicionante de uma História Oficial.

Na história do Rio Grande do Sul não há narrativa oficial sobre o nome de MATHIAS SIMON. Tão pouco existem referências e nem registros especificas como herói ser a cultivado no Panteão estadual. Para que esta narrativa possa tornar-se oficial haveria necessidade de mudança de mentalidade coletiva. Paralelamente exigiria a realização de muitos trabalhos para consolidar e fornecer visibilidade documental inquestionável em relação à sua pessoa e obra. Com toda certeza Mathias, de Margarida não procuravam - e nem despendiam o menor esforço - para figurar numa página na História Oficial da Europa e do Rio Grande do Sul, ou desejaram constituir-se em heróis.
Fig. 01 HERMESKEIL ATUAL

A Europa Pós Napoleão Bonaparte

Mathias nasceu em 1788, um ano antes de da Grande Revolução Francesa, considerada o marco inicial da Era Contemporânea. As marchas forçadas e as lutas sangrentas travadas por Mathias Simon na sua juventude, na esteira da política provocada e condicionada pela propaganda de Napoleão Bonaparte (1769-1821) como herói coletivo, já mostrara o seu lado perverso e era página virada da História. O herói coletivo, inicialmente exilado na Ilhas de Santa Helena já morrera quando Mathias partiu da Europa.. As novas narrativas sobre a página napoleônica estava sendo reescrita pelas potencias vencedoras e por seus inimigos,. As luzes dos holofotes da propaganda foram colocados sobre outros atores e de uma outra época. Quando Mathias e a sua família migrou, milhões de europeus estavam abandonado as sua pátrias nativas e buscando outros continentes. Para as novas mentalidades o imigrante fazia um favor em desertar das páginas da História Oficial Europeia e correr o risco de constituir-se em marginal em outras culturas com outras histórias pátrios e nacionais.
Fonte :Jornal dos Simon II Nº 03. Fevereiro de 1979. p.03  
Fig. 02 - ASSINATURA de MATHIAS SIMON em 1815

O contexto da imigração de Mathias e da sua família.

Assim a história de Mathias, de Margarida e da sua família deve ser buscada fora destas luzes de época e destes heróis cujas histórias era tecidas e reveladas para vender jornais e davam publicidade às ideias e interesses dos Estados hegemônicos na sua época. A industria e comércio da época estavam traçando as “suas” sagradas fronteiras e erguendo os muros ao redor dos seus territórios cativos, pelos quais tantos deram seu trabalho e a sua própria vida. Os que se deslocavam de um para outro território cativo, estavam sujeitos a sofrer o silêncio oficial e, se não, a sua desqualificação e com a marginalidade identitária, tanto da pátria donde saíam, como naquela onde chegavam.

Fonte :Desenho de Círio Simon - 
Fig. 03 - MAPA das COLÔNIAS ALEMÃES do 
RIO GRANDE do SUL 1824

As condições do ingresso da Mathias e sua família no Brasil

Vamos ter de encontrar Mathias, Margarida e a sua família como migrantes. Migraram por terem deliberado e decidido livremente praticar este gesto e dar este passo. Não vieram nos grilhões de escravidão, do degredo ou vassalagem forçada. Não tinham promessa, ou mesmo aspiravam, a um cargo publico com o respectivo salário. Não se conhece também nenhum constrangimento, proveniente da parte do seu ponto de origem, que fosse contra a sua vontade e honra. Com também não há marcas de terem sofrido a sedução de tesouros fáceis e e abundantes. Vieram simplesmente na busca de uma vida nova como milhões de sua época o fizeram e diferente daquela existência que os seus antepassados levavam desde tempo imemoriais
Fonte : RAMBO - 2007 - fl. 143. 
Fig. 04 - CABANA do PIONEIRO
 
Outro projeto imperial

Mathias Simon, depois de viver o projeto do Imperador Napoleão, engajou-se, nas Américas, num outro projeto de outro Imperador e outra Imperatriz. Esta da fala alemã.. Neste projeto imperial vamos ter dirigir o foco sobre a escravidão, vigente na sua época no Brasil. O projeto imperial, Mathias, Margarida e a sua família vieram substituir o trabalho e a força dos braços escravos por um preço e risco muito menor para o Estado e os latifundiários. Com este foco vamos ter procurar Mathias, Margarida e a sua família fora do foco,dos mitos das luzes de Revolução Farroupilha, dos heróis imperiais e da Província do Rio Grande do Sul. Será necessário procurá-los nas multidões de pessoas que até os dias atuais estão buscando o seus sonhos em lugares diferentes daqueles onde nasceram
Fonte :Um artista entre o Velho e o Novo Mundo, 2009, p. 90 -  
Fig. 05 - Pedro Weingärtner - DERRUBADA
As migrações massivas são cada vez mais intensas e atuais.

A história das migrações não terminou. Nos dias atuais os europeus e seus imigrados estão lidando com o mesmo problema de desqualificação e com a marginalidade identitária e sem uma solução digna deste nome. “O mundo pagou caro por não entender a essência das migrações dos séculos XIX e XX. Não entendê-las agora, seria um desastre”. (Gaspari , 2011 p). Ao contrário. Hoje avolumam se em 800 milhões de pessoas nestas circunstâncias e que geram tensões sociais, culturais e econômicas. Contudo este migrantes geram soluções e e realizam o milagre que Mathias, Margarida e sua família realizaram e sobre os quais nações contemporâneas geraram o seu poder, riqueza e cultura hegemônica. Muitos de nós tiveram de migrar de um lugar para outro ou do meio rural para o urbano. Seguiram o exemplo de Mathias, Margarida e sua família e o tivemos realizar ao exemplo deles, sem gerar tensões. Ao contrário, contribuindo e construindo novos recursos, para novas épocas e circunstâncias. Muitos tiveram de voltar atravessar oceanos e mudar de continentes como Mathias, Margarida e a sua família.

Fonte : RAMBO - 2007 - fl. 146.
Fig. 06 – VIDA em FAMÍLIA na FLORESTA

Os projetos do latifúndio e do minifúndio.

Vamos ter de encontrar Mathias, de Margarida e da sua família no minifúndio em distinção e ao mesmo tempo como complemento ao latifúndio. Vamos ter de encontrá-lo tentando construir o seu moinho numa terra onde ainda estava presente a memória do Alvará de Dona Maria I proibindo a construção de qualquer engenho industrial e recompensando quem denunciasse ao contraventor desta lei colonial. Minifúndio que impulsionou metade do Estado do Rio Grande do Sul para o progresso e um mínimo de dignidade social e cultural, enquanto, a parte entregue ao latifúndio, estagnou no tempo colonial e nas amplas teias das relações de servidão e populismo.
Fonte :Pintura Círio SIMON 
Fig. 07 – A MUDANÇA para a FLORESTA

Ecologia rima com genealogia.

Necessitamos encontrar e recuperar a história de Mathias, de Margarida e da sua família no cultivo e o aproveitamento sustentável e a Natureza Genealogia rima com ecologia. Estamos aprendendo, cada vez mais, esta lição de Mathias, de Margarida e da sua família de que a perspectiva da fortuna e da sobrevivência de espécie humana só são possíveis na medida em que esta humanidade souber e praticar a genealogia da espécie, rimando, e coerente, com a ecologia.
Fonte : Um artista entre o Velho e o Novo Mundo 2009 p.119 -
Fig. 08 - Pedro Weingärtner - VIDA NOVA -detalhe

Minifúndio e Poder Originário de uma nação..

O convívio harmônico numa LINHA COLONIAL é uma lição política da fonte e da circulação do Poder Originário. O esforço coordenado com os seus vizinhos o aproxima de um ideal de um Poder Originário no seu nascedouro e exigindo e trabalhando para ele possam se desenvolver. Quebrando qualquer sonho de onipotência, onisciência, onipresença ou eternidade, o Poder Originário, confere coerência e proporção a todas as possíveis ideologias, partidos ou tendências políticas que pretendem ou assumem efetivamente o exercício de algum cargo e função no serviço público. Sem a s estreitezas e os muros de um FAMILISTERE ao estilo Saint- Simon (1760-1825), este convívio aberto de Mathias Simon com a comunidade, afasta qualquer tentação de exercer o poder apenas para impor uma estreita ideologia própria ou aquela do grupo ao qual ele pertencia. A interação próxima e íntima com o contexto das suas circunstâncias sociais e culturais, o convívio em com a sua família numerosa e com a ecologia conferiu a Mathias a Margarida uma senso de realidade indispensáveis para a vida no novo mundo. Eles transmitiram este senso de realidade na íntegra para que a nova geração atingisse estágios mais complexos de uma nação e de uma nova civilização








Fonte :Foto Círio SIMON Fig. 
09 - UMBRAL da PORTA da CASA SIMON Capela Rosário - 
São Jose do Hortêncio - RS






As complexas relações entre Província e Império frente ao latifúndio.

O grande projeto imperial e da Província do Rio Grande do Sul teve consequências para o latifúndio. O projeto imperial apostou e investiu pesados recursos econômicos, profissionais e administrativos no minifúndio colonial. Este capítulo e este enfoque ainda não foi objeto de uma exame documental e cujas conclusões tenham uma ampla circulação pública e que gere luzes, contraditórios e consensos.. A quase totalidade dos historiadores apontam como uma das causas da Revolução Farroupilha (1835-1845) os elevados impostos e taxas cobradas pelo Império e Província. Esta Revolução foi deflagrada e sustentada pelos senhores do latifúndio contra o Império e a sua Província. As colonias do minifúndio, iniciadas em 1824, contavam já com um contingente expressivo de habitantes e que se mantiveram em relativa neutralidade ao longo da década da Revolução Farroupilha. Tanto esta como os imperiais respeitaram este projeto. Não se conhecem operações militares expressivas, nesta área geográfica, e nem engajamentos em recrutamentos compulsórias apesar da experiência militar de que muitos eram portadores. Era o caso de Mathias Simon. Também os seus filhos que atingiam a idade militar - como Nicolau,em 1838 e e João em 1842 - foram mantidos nos trabalho e nas lides coloniais. De outra parte este respeito de ambas as partes por estas colônias pode ser apontado como um dos fatores da recuperação da Província após o conflito farroupilha. Para a família de Mathias - ao ser poupada neste engajamento e nem as suas terras serem palco do conflito - deveria ter sido uma prova do acerto do custoso investimento que havia realizada neste projeto em terra estranha.
                                                            Fonte  :Foto de Círio SIMON                                                                                                          Fig. 10 -  RIACHO nos FUNDOS da PROPRIEDADE de MATHIAS SIMON em CAPELA ROSÁRIO
As dúvidas do casal Mathias e Margarida.

O orago São José do Hortêncio fornece uma bela imagem da conduta exemplar do casal Mathias e Margarida, mesmo nas maiores dúvidas. Estas dúvidas certamente ocorreram na aceitação, no convívio e no tratamento doméstico dos portadores de necessidades especiais. Pela tradição oral as suas duas primeiras filhas e o ultimo filho do casal eram portadores destas necessidades de atendimento especial. Este aspecto da história íntima desta família abre luzes e um capítulo para a história recente da cultura brasileira nesta aceitação e condutas civilizadas em relação à pessoas portadoras de necessidades especiais.

Fonte : Um artista entre o Velho e o Novo Mundo 2009 p.86                                                                   Fig. 11 - Pedro Weingärtner (1853-1929)TEMPORA
MUTANTUR – MARGS
 
Mathias Simon e sua família entre limites e fronteiras.

Mathias Simon (1788-1866) nasceu no ultimo ano do “Ancien regime”na passagem entre a História Moderna para a Contemporânea. Ele nasceu marcado pelas fronteiras entre França e a Alemanha. Nascido na Europa escolheu viver na América. Exerceu o seu ofício de moleiro entre o campo e cidade. Politicamente serviu como soldado anônimo os grandes projetos: napoleônico na Europa e depois como um dos agricultores do projeto imperial brasileiro da ocupação produtiva do seu território.

No Rio Grande do Sul estabeleceu-se nos limites entre a colonização alemã e o latifúndio sul-rio-grandense. Manteve o seu foco produtivo no minifúndio equilibrando-se politicamente entre Imperiais e Republicanos. Ajudou a iniciar e consolidar o modelo do minifúndio que deu certo no Brasil. Este sucesso foi possível enquanto pessoa adulta capaz de dar muito mais do que recebeu, gerando uma 'mais valia” sadia que constrói uma nação sem expropriações nefastas e desqualificadoras..

No trabalho não foi nem escravo nem, patrão e na sua vida ativa não foi peão e nas relações sociais e produtivos não se comportou nestes modelos. Engajado na prática da Liberdade , Igualdade e Fraternidade não se valeu da prática do trabalho escravo ou servil para seu próprio benefício pessoal, para a sua família e para a sua comunidade. Na designação de Capela Rosário, ao lugar físico onde Mathias se fixou é passível de especulação em relação a esta devoção dos afro-descendentes. O certo é que esta etnia vivia nas colônias alemãs e recebendo retribuições monetárias pelos trabalhos prestados.. De outra parte não se mapeou ainda os possíveis quilombos que ali se desenvolveram antes da chegada do colono europeu..

Mathias e as pessoas de sua família passaram pela vida heroicamente escapando dos títulos , dos clichês e dos rótulos. .Cercados de dignidade, sem produzirem ruído ou algo fora do normal, sem pedirem ou precisarem de atenção sobre as suas pessoas. Não foram heróis oficiais e nem revindicaram isto, sendo lições vivas e exemplos silenciosos de cidadania e constituindo um sólido núcleo invisível de uma civilização

Este conjunto material e imaterial foi a herança que Mathias e Margarida legaram como base sólida da qual partiram os seus descendentes e a fortuna que tiveram com o seu trabalho..


FONTES



DOCUMENTOS- novas descobertas na Família Simon: saiba o nome dos pais e irmãos de Mathias in Jornal dos Simon: Porto Alegre : Associação da Família Simon e Afins - Ano II Nº 03. Fevereiro de 1979. p.03



FAMILISTERE GODIN


Conde de Saint Simon




GASPARI Elio Favela, ashwaiyyat, gecekondular CORREIO do POVO - ANO 116 Nº 178 - PORTO ALEGRE, DOMINGO, 27 DE MARÇO DE 2011 p.5 http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=178&Caderno=0&Editoria=110&Noticia=273285






ISABELLE. Arsène (1807-1888)1, - Viagem ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul tradução e nota sobre o autor Teodomiro Tostes; Introdução de Augusto Meyer [2ª reimpressão] Brasília : Senado Federal 2010 , XXXI p. + 314 p.( Ed. Senado Federal v.61)





Pedro Weingärtner (1853-1929) Um artista entre o Velho e o Novo Mundo – São Paulo : Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2009, 263 p.



Pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta: acervo artístico da Prefeitura de Porto Alegre. Porto Alegre : Pallotti e Prefeitura Municipal de Porto Alegre. 2008, 213 p




RAMBO, Lorival Inácio Um outro olhar sobre a colonização: a relação homem Natureza. Chapecó : Universidade Regional de Chapecó. Nov 2007 223 flls il Em [PDF] www.unochapeco.edu.br/saa/tese/6664/Dissertacao_completa.pdf Colonização de Itapiranga ( Porto Novo)



Relatório do presidente da Província, Tenente General Francisco José de Souza Soares Andréia, enviada à Assembléia Legislativa2, em 01 de junho de 1849. RELATÓRIOS http://www.crl.edu/pt-br/brazil/provincial/rio_grande_do_sul 1849 - p.10 http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/878/



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1ª postagem em 16.09.2010

HERMESKEIL um LUGAR por onde PASSOU a HISTÒRIA dos SIMON




2ª postagem em 18.09.2010

O MOLEIRO MATHIAS SIMON no CONTEXTO da CULTURA EUROPÉIA e AMERICANA




3ª postagem em 21.09.2010

O MIGRANTE MATHIAS SIMON no CONTEXTO da CULTURA EUROPÉIA e AMERICANA




4ª postagem em 27.09.2010

MATHIAS SIMON e a GENTE da FRONTEIRA SUL do BRASIL




5ª postagem em 01.10.2010

O CAMINHO de de MATHIAS SIMON FLORESTA ADENTRO: MEDIAÇÔES, ESPERANÇAS e TEMORES na NOVA TERRA



6ª postagem em 10.10.2010

Os TRABALHOS de MATHIAS SIMON na NOVA TERRA




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8ª postagem em 16.11.2010

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9ª postagem em 21.11.2010

O REGISTRO de uma VISITA, em 1834, à COLÔNIA SÃO LEOPOLDO [ antes da Revolução Farroupilha] .




10ª postagem em 27.11.2010

A CONTABLIDADE do CUSTO-BENEFÍCIO da COLONIZAÇÃO ORGANIZADA em LARGA ESCALA

[ ou uma das causas indiretas da Revolução Farroupilha] .






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