Espaço numérico digital destinado à circulação de informações culturais e de idéias provenientes de pessoas e dos afins dos descendentes físicos ou do pensamento de Mathias Simon (*05.05.1788 –+16.04.1866) e que ele materializou, em 1829, na migração com a sua família para a América.

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Em DIA com a CULTURA dos SIMON – 03

O  MIGRANTE SIMON no CONTEXTO da
CULTURA EUROPÉIA e AMERICANA.


A migração é um tema da maior atualidade, no início do século XXI, tanto para a Europa como para as Américas. A busca de horizontes mais favoráveis gera muitos conflitos e desconfortos. Contudo se sta migração conseguir completar o seu ciclo, como todo nascimento, traz, no seu final, novos mundos, novas mentalidades e progresso geral.
Quando a família Simon chegou ao Sul do Brasil, como originária  dos estados de fala germânica, o projeto açoriano da migração ao Brasil já havia se esgotado e dava os seus frutos.
O jovem Império Brasileiro tinha interesse nestas fronteiras. Inspirava-se nos exemplos históricos das colônias gregas, romanas e da política das nações colonialistas européias, da época, que garantiam assentamentos de novas populações que lhes eram favoráveis. Para os europeus estes territórios tentavam tornar favoráveis aos seus interesses. garantiam a sua política de reserva de mercado para  sua incipiente indústria. No Brasil estes habitantes vinham reforçar estrategicamente adensar as fronteira sul, recém consolidadas em 1810, e compensar a perda da província Cisplatina que estava em andamento e com resultados ainda imprevisíveis.
Na cultura o migrante sempre é uma pessoa especial, mesmo que ele não queira chamar atenção e faça o menor ruído possível. Torna-se especial tanto para o lugar que desocupa e de onde parte,  como no lugar e cultura onde ele chega. Georg SIMMEL[1] estudou as condições  e o  estatuto que cabem ao estrangeiro[2]. Este estatuto é respeitado no ambiente onde chega pois o estrangeiro torna-se uma espécie de juiz para os nativos pois trza para ele um “olhar neutro”.
A família SIMON foi da última geração a realizar a viagem sem o ruídos das maquinas cujo matraquear continuado ficou na lembrança das gerações seguintes. A geração de Mathias navegava ao sabor da água e do vento. Isto não significava um diminuto trânsito marítimo. Os Estados independentes da América, o sul da África e a Austrália recebiam continuadas levas de europeus. As catástrofes eram freqüentes e que eram silenciados pelas ondas do oceano. Raros sobreviviam, nestas tragédias, como aqueles que ficaram famosos na pintura da Jangada de Medusa[3] um episódio ocorrido em 1816 e que se tornou tema da pintura do jovem talento de Theodore Gericault (1791-1824)[4]
Fig. 01 – A jangada do “MEDUSA” (1819)- Theodore Géricault -
Óleo sobre tela 491 x 716 cm – Museu do Louvre

Historicamente a migração de Mathias Simon e de sua família para o Novo Mundo deu-se após o Tratado de Viena (1814-1815) e depois do retorno na França ao trono dos Bourbons e antes da Revolução de 1830 de Paris.
A industrialização estava mudando os panoramas geográficos, sociais e econômicos da Europa. Ela concentrava mão de obra nas cidades, despovoava o campo, gerando uma larga base social proletária ao lado das fábricas. As novas tecnologias necessitavam elevados e continuados capitais para adquirir e acumular os  materiais e insumos. Os capitais eram indispensáveis para comercialização intensiva e garantida dos produtos das máquinas em territórios aliados e propícios para o seu consumo, retornos projetados e embutidos nos investimentos iniciais.  

Pintura a óleo de C.J. H. Fedeler[1], de 1839 ( propriedade particular da família C. Wuppersahl, Bremen )   http://en.wikipedia.org/wiki/File:Olbers.jpg  
Fig. 02 – O veleiro trimastro Olbers.
Segundo o historiador Carlos Henrique Hunsche[2] em correspondência ao jornalista Camilo Simon, a família de Mathias Simon partiu do porto de Bremen no dia 26 de setembro de 1828 no veleiro Olbers. Ele era o maior dos navios que até aquela data haviam efetuado o transporte de imigrantes ao Brasil e fora especialmente preparado para o transporte de pessoas. Sob o comando do Capitão J. M. Herklots o Olbers efetuou 26º embarque  levando  874 passageiros. O Olbers chegou ao Rio de Janeiro no 17 de dezembro de 1828.


[2] HUNSCHE, Carlos e ASTOLFI, Maria. O Quadriênio 1827-1830 da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul. Editora GxW, Porto Alegre, 2004. http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_alem%C3%A3_no_Rio_Grande_do_Sul 

Fig. 03 – A entrada da baia do Rio de Janeiro numa gravura de Jean Batiste Debret[1] que se encontrava no Brasil na época da viagem de Mathias Simon e Família.
Contudo muitas famílias se destinariam à Colônia Alemã de São Leopoldo. No Rio de Janeiro embarcaram 365 passageiros no navio Orestes no dia 18 de fevereiro de 1829. Chegaram ao seu destino final, em Saio Leopoldo, no dia 13 de março de 1829.


[1] - Conferir a viagem de Jean Baptiste ao Brasil em  http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/624510001
Fig. 04 – Vistas do Rio de Janeiro na época da viagem de Mathias Simon numa gravura de Jean Baptiste Debret (1768-1848) que esteve no Brasil de 1816 até 1831.

Quando um Simon sai de sua terra natal não quer dizer que não a ame mais. Bem ao contrário. Ele ama tanto a sua Hermesckeil de origem, ou depois Capela Rosário e tantos outros semelhantes, que planeja repetir e ampliar as lições de civilização que aprendeu e viveu no seu lugar de origem. Para isto ele procura um outro lugar para plantar, cultivar, colher, moer e viver desta mesma semente de sua origem.

Fig. 05 – Movimento no porto do Rio de Janeiro na época da viagem de Matias Simon numa gravura de Jean Baptiste Debret que trabalhou no Brasil de 1816 até 1831

Certamente esta é lição silenciosa mas inscrita na vida, nas ações e no legado que todos recebemos do patriarca Mathias Simon na  transumância que empreendeu, entre 1828 e 1829, da sua família e dos seus bens para Capela Rosário. Contudo transumância que não teve retorno pois a terra que ele escolheu revelou-se produtiva ao longo das quatro estações do ano.

Veja narrativas de outros imigrantes de época da migração de Mathias

Família ROCKENBACH

Família VOLTZ

Família WERLANG
http://www.editorawerlang.com.br/simon.asp  [mencionam também SIMON]

Família GOETEMS
http://www.goettems.com.br/ahist.htm (informações sobre veleiro trimastro OLBERS)

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