Espaço numérico digital destinado à circulação de informações culturais e de idéias provenientes de pessoas e dos afins dos descendentes físicos ou do pensamento de Mathias Simon (*05.05.1788 –+16.04.1866) e que ele materializou, em 1829, na migração com a sua família para a América.

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sexta-feira, 22 de março de 2013

SIMON: MEMÓRIAS nas AMÉRICAS - 04.





DEPOIS da CAMPANHA da RÚSSIA de 1812

*O RECOMEÇO nas AMÉRICAS*


FLORESTA na REGIÃO de SÃO JOSÉ do HORTÊNCIO - RS - GOOGLE EARTH –  Detalhe de foto de Maurício Antônio WEBER
Fig. 01 – A floresta já havia sido região de caça indígena e depois refúgio de quilombos de escravos fugidos das fazendas lusitanas a quem não interessavam estas terras para a pecuária extensiva. Nas mãos dos imigrantes alemães revelou um potencial agrícola tanto para a subsistência diversificada como para o comercio com a capital da província do Rio Grande do Sul. Ganhava vida a cultura renovada, ampliada e adaptada para o lado americano trazida  da pequena Hermeskeil do vale do Mosela com Trier como capital e da região do Palatinado Renano,

O ponto de chegada de todos os rebanhos é o matadouro. O ponto de chegada da Grande Armada de Napoleão encontrou o seu matadouro nas geladas estepes da Rússia no inicio do inverno de 1812. Entre os poucos sobreviventes deste rebanho humano estava Mathias Simon.

De outra parte os milhares de EGOS - do período romântico inflamados pelos ideais revolucionários de 1789 - produziram uma cacofonia, um caos e insuportáveis e capazes de desestruturar qualquer moral ou ética coletiva.


Fig. 02 – O cenário que coube para a família de Mathias Simon e de Margarida Würtz imitava as colinas e a cultura agrícola da pequena Hermeskeil. Ficava nos extremos das colônias destinadas aos primeiros imigrantes vindos cinco anos em 1824. Capela Rosário invertia o hemisfério, aproximava em 20 graus mais próximos da linha do Equador em relação a latitude Norte da Hermeskeil natal. O clima médio anual era mais alto, de chuvas mais intensas, concentradas em períodos curtos e a quase ausência de neve.

Fazia sentido, assim, a escolha de um pais no qual este EGO isolado deveria provar o seu real valor para a descoberta de novos horizontes anda não poluídos pelos rebanhos que se acumulavam no meio urbano e cujo volume e força escorriam pelas linhas de montagem industrial.

Nesta vasta perspectiva cultural a migração de Mathias Simon para o interior da floresta brasileira ganha sentido e consistência para ele e para os seus descendentes. Numa palavra ganhavam FUTURO livre do ponto de chegada dos rebanhos humanos que se formavam na Europa no início do século XIX.


Fig. 03 – Foi neste cenário que Mathias Simon sucumbiu vítima de um infarto agudo do miocárdio no dia 16 de agosto de 1866 e que o fulminou aos 78 anos de idade.  Seu corpo encontrou sepultura num cemitério ao lado da antiga capela. Este túmulo foi arrasado por um trator e desapareceu numa estetização apressada e inconsequente para dar lugar para novo visual ao lugar e para outras sepulturas.

A vida de Mathias Simon no Brasil iniciou-se no final do Iº Império, passou pelo Período Regencial (1831-1840), ultrapassou a década da Revolução Farroupilha (1835-1845)  sucumbiu (1866) no IIº Império, com a Guerra do Paraguai (1864-1870) em andamento.

Certamente as memórias do seu serviço militar e de sua participação no segundo semestre de 1812 na Grande Armada napoleônica não saia das suas lembranças cultivadas numa terra distantes ao longo desta vida brasileira. Existe memória oral de que Mathias cantarolava as canções dos soldados franceses até o final de sua existência.

GOBAUT Gaspard (1814-1882) Paisagem com moinho 1870 - Aquarela 27.0 x 37.1 cm
Fig. 04 – Os tradicionais moinhos se espalharam por toda a Europa continental a partir da Idade Média. Substituíam os moinhos romanos movidos por escravos.  Movidos com a energia natural e renovada das águas percorrendo os desníveis do terreno. Estes pequenos engenhos eram frutos  do artesanato, da carpintaria, da marcenaria e com pequenas intervenções da cantaria. Eles são índices das diversas profissões na mesma pessoa e de como o imigrante trabalhava com as suas próprias e inteligência e sem depender incentivos de qualquer natureza a não ser da necessidade básica de sua comunidade.  No Brasil substituíam a força escrava e animal. Com a crise das energias não renováveis e os perigos da energia nuclear os principio de sua energia limpa e renovável sempre tiveram os favores dos ecologistas e mesmo na política, em 2013, estão ganhando de energia da rica economia alemã.

A sua esposa Margarida Würtz certamente foi o vínculo com a cultura e língua germânica do lado de cá do Reno. Vinculo que fundamenta a inclusão do Palatinado da Renânia ao território físico germânico devido à fala e cultura especifica. Porém este nome é também familiar em Wolfisheim da Alsácia, na atua França, origem de Charles Adolphe Würtz (1817-1884) médico parisiense e cientista premiado por suas descobertas biológicas


Fig. 05 –  O pequeno regato que corria no fundo da propriedade de Mathias Simon e da sua família fornecia a água represada para mover o seu moinho colonial. Muito antes de qualquer legislação as suas margens eram preservadas com a mata ciliar. Esta regulava o ciclo das aguas, evitava qualquer erosão e assoreamento dos grandes cursos de água.
   
As energias de Mathias Simon e de Margarida Würtz na América foram direcionadas para a família, para a comunidade dos vizinhos transformados em amigos e o cuidado com os recursos naturais que absorveram. As águas pacíficas do regato de sua propriedade não teriam força nem regularidade  para mover as pedras do seu moinho, se não existisse o cuidado com as matas ciliares que regulavam uma vazão constante e produtiva. As aguas do regato que moviam as pedras das mós do seu moinho não iriam correr com regularidade sem transformar a comunidade dos vizinhos em amigos e colaborando na preservação das fontes deste precioso manancial.


Fig. 06 – As duas mós de pedra do moinho de Mathias Simon resgatadas do local por seus descendentes de Novo Hamburgo. Estes pequenos engenhos artesanais foram desativados frente a concorrência dos grandes moinhos industriais, a crescente urbanização e o abandono dos hábitos e da culinária tradicional doméstica .

A ampliação da comunidade dos vizinhos, transformados em amigos, reflete-se, até 2013, no atual munícipio de São do Hortêncio. Este como uma sólida e coerente base no poder originário e na cultura que conferiu sempre regularidade e convívio continuado de uma comunidade. Comunidade aberta ao mundo externo sem aceitar provocações gratuitas conflitos, marginalidade e desvios de conduta. A descendência de Mathias Simon e de Margarida Würtz seguiu o mesmo caminho de direcionar as suas melhores energias para a família, para a comunidade e o cuidado com os recursos naturais. Em consequência deste tipo de direcionamento dos seus esforços individuais e coletivos dos seus descendentes não há notícia de conflitos, marginalidade ou desvios de conduta.


Fig. 07 – A região de Capela Rosário no Município de São José do Hortência vista de satélite em 2012. A Casa Simon fica no lado esquerdo do ponto exato da convergência das três estradas. Construída para casa comercial por José Simon e depois servindo de salão de baile da comunidade pertence à Associação Familiar Simon e Afins.
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Esta regularidade é índice tanto de uma liberdade responsável como por iniciativas individuais e de realizações dentro dos limites e competências que um estado e uma nação esperam.

Os seus herdeiros destas virtudes cidadãs estão isentos da tentação da busca de glórias, de fortunas e de poder individual e  passageiro e assim estão chegando em 2013 para a 7ª e 8ª geração sem menor vontade ou arrependimento da viagem definitiva que o seu antepassado empreendeu entre os anos de 1828 e 1829. Isto não impede de ampliar a partir da cultura escolhida pelo seu ancestral de manter uma rede cada vez mais ampla com uma cultura planetária.


Fig. 08 – O fundo da Casa Simon, no dia 15de novembro de 2005,  sob as severas condições climáticas de uma região situada a latitude Sul de 29º29’.48’’.67’’’ e uma longitude Oeste de 51º12’.05’’,40’ e numa altitude de 102 m do nível do mar conforme a leitura do satélite.   

A falta de registros escritos de fatos heroicos individuais e coletivos pode indicar a absoluta normalidade de um inconsciente coletivo tanto da família patriarcal como dos seus descendentes.

Nada disso traz sentido e evidência para os moldes da mídia contemporânea. Mídia  voltada para eventos estrondosos e fabricados sob medida pelo marketing e propaganda para lucros imediatos e cumulativos. Mídia cujo horizonte e medida é um repertório de uma inteligência humana de 12 anos mental e cultural.

O horizonte deste inconsciente coletivo constitui a família, a comunidade dos vizinhos transformados em amigos e o cuidado com os recursos naturais ao exemplo de Mathias Simon e de Margarida Würtz. Estes valores são universais para a manutenção de um projeto de uma civilização que aspira deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrou.


Fig. 09 – Um dos umbrais do par situado na porta de entrada da Casa Simon na Capela Rosário do município de São José do Hortêncio. Obra de cantuária em pedra grés da região recebeu um trabalho visual em relevo inspirado em motivos tradicionais da flora e símbolos da fertilidade.

De outro lado constitui uma condenação silenciosa, mas decidida e consciente dos desvios de conduta individual ou coletiva. Desvios que se valem da beligerância gratuita mental, verbal e armada as suas buscas da glória, da posse e do poder.  Agressões que passam por cima dos demais, aniquilam e hipotecam os recursos necessários e indispensáveis para as próximas gerações.


Fig. 10 – A vida de Mathias e de Margarida e de sua prole europeia em Hermeskeil da diocese de Trier da região do Palatinado Renano submetida ao fluxo e refluxos de uma região de fronteiras flutuantes,
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Das profundezas da floresta americana certamente as reflexões de Mathias Simon voltaram-se para as lições que ele trouxe da profundidade das estepes da Rússia. O seu povo vivendo respeitando profundamente as condições das forças naturais soube  transformá-las na mais poderosa arma contra um agressor com as armas mais modernas, poderosas e ostentadas massivamente como nenhuma cultura vira antes. Outra lição foi que a força indomável de um povo se mede pelo seu projeto coletivo que acredita na sua cultura e seus semelhantes. No lado negativo por mais elevado, glorioso e poderoso que seja um líder o seu poder sempre é passageiro e limitado. De outra parte por maior e poderosa seja a tecnologia se ela for usada para fins indevidos, este acumulo de forças é momentânea. Esta tecnologia é cega, cara, exigindo o sacrifício de vidas inocentes e que dissolve imediatamente pela entropia e quando o poder originário.


Fig. 11 – A família Mathias e Margarida migrou para as Américas com seis filhos nascidos em Hermeskeil. Mais quatro filhos nasceram na localidade de Capela Rosário. Estes 10 atingiram 76 descentes já na 2ª geração na virada do século XIX para o XX. No início do século XXI este número  já se aproximadamente 4 mil.
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Não há menor noticia de que Mathias tenha-se valido do trabalho escravo. Como imigrante ele cumpria o contrato para fazer uma frente silenciosa, mas ativa, contra a chaga da escravidão endêmica e legal no Brasil de 1829. Nas áreas ocupadas e exploradas  pelo imigrante o trabalho não era mais regido pelo escambo. Os contratos de trabalho passavam a serem regulados e estipulados através e sobre bases monetárias, muito antes das atuais leis. Supõe-se que a invocação da Capela do Rosário, típica das irmandades submetidas à servidão brasileira, talvez seja índice de um antigo quilombo que se integrou naturalmente ao trabalho da nova comunidade. O exemplo desta autonomia, invocação e legalidade, da parte de Mathias e de Margarida, serviu para que a sua descendência jamais sucumbir ao canto da sereia da escravidão, nem voluntário, nem ativa e muito menos passiva.
O pensamento e exemplo da vida familiar de Mathias Simon e de Margarida Würtz podem regressar ao Velho Continente. Eles estão ainda vivos e coerentes em relação à ecologia e centrados nas questões da autêntica paz. Eles irão juntar-se ao esforço coletivo nestas condições civilizatórias. Reforçarão o objetivo central para que a humanidade tenha um projeto de digno deste nome, de um futuro mais humano e melhor para todos.


Fig. 12 – No dia 15 de novembro de 2005 houve um mutirão na Casa Simon da Capela Rosário. A casa foi construída pelo por José Simon, neto de Mathias Simon. José e sua esposa Catarina Steffens tiveram 14 filhos. O mais velho era Pedro Emanuel Simon,  o genealogista da Família e pai de Paula Simon Ribeiro  atual presidente da AFSA. 


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

CASA SIMON


CAPELA ROSÁRIO São José do Hortêncio




São José do Hortêncio


Entrevista com prefeito de São José do Hortêncio


FOTOS São José do Hortêncio

http://www.ferias.tur.br/fotos/8141/2/sao-jose-do-hortencio-rs.html



WÜRTZ

Charles Adolphe: médico e cientista francês


Empresa Alemã WÜRTZ



MATHIAS SIMON - Assinatura em  09.02.1815  - Fonte: Jornal dos Simon - Porto Alegre: AFFSA, nº 03 – fevereiro de 1979, p.3 - 1ª col e rodapé
Fig. 12 – A busca de imigrantes qualificados e alfabetizados para entender e assinar contratos era um dos objetivos do Império Brasileiro. As relações do Estado Brasileiro de um lado tinham de serem mais atentas e personalizadas com esta cultura letrada  do aquela usada para a massa analfabeta escrava tradicional, Estes imigrantes uma vez conquistado este status alfabetizado faziam de tudo para os seus descentes tivessem a mesma cultura

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quinta-feira, 21 de março de 2013

SIMON: MEMÓRIAS nas AMÉRICAS - 03.

A CAMPANHA da RÚSSIA de 1812
*A TRAGÉDIA CONSUMADA*



NORTEN Adolph 1828-1876 Retirada de Napoleão óleo 95 x 120 cm
Fig. 01 – Um solitário Napoleão Bonaparte cavalga no meio dos mortos e das suas miseráveis tropas a quem havia prometido o conforto, as riquezas e glórias em Moscou. 

 A  terceira postagem continua a se guiar pelo CORREIO BRAZILENSE, de Nº 058, do mês de março de 1813, das páginas 370 até 372. Conserva-se a grafia original.

O terceiro periodo da retirada, vai de Beresina até o Niemen ; e deste até a Prussia. Ainda que pareça mais desastrosa para os Francezes em razaõ de terem os seus males chegado ao ultimo termo, no entanto ella offerece (militarmente fallando) muito menos interesse; porque se assimelha a uma caçada pela grande estrada adiante; cousa de 40.000 homens, que tinham ainda salvado alguma artilheria, passaram o Beresina
¿ porém em que deplorável estado se achavem estes miseráveis restos?



HESS Petr von 1792-1871 -BATALHA de BEREZINA 25-26.11. 1812 pintura à óleo 1844  Museu Hermitage óleo 224 x 355 cm
Fig. 02 – A denominada Batalha do Berezina foi o desfecho de uma gurera de pinças na qual dois exércitos russos coordenados caíram sobre a Grande Armada enquanto  esta se aprontava para atravessar um rio ainda não congelado. Este pequeno obstáculo hava dividido o os exércitos franceses em dois e separados pelo rio. A isto somou-se a queda brusca de temperatura e a queda de neve. Aos sobreviventes desta batalha restarem mais três semanas infernais em território russo até atingirem a Prússia oriental no dia 14 de dezembro de 1812

Um rigoroso frio veio pôr termo á sua miséria: foi entaõ que naõ tendo mais forças para resistir a tantos soflrimentos, elles lançavam fora as armas e bagagens: a maior parte naõ tinha nem botas, nem outro calçado, estavam rebuçados com cobertores, e tinham embrulhado os pés em chapeos velhos. Cada qual tractava de segurar os hombros, cora o que podia achar, e para ter um abrigo contra o frio. Uns tinham sacos velhos, outros esteiras, peles de animaes recentemente esfolados; feliz aquelle que podia apanhar alguns pedaços de pelegos! os officiaes, e os soldados feridos de uma insensibilidade estúpida, tendo os braços e a cara inteiramente escondidos, se arrastavam uns ao pé dos outros; estavam esfarrapados, morrendo de fome, e sem armas: toda a defesa lhes éra impossível. O único grito de um cossaco bastava para empurrar para diante columnas inteiras: naõ era preciso mais do que alguns poucos para aprisionar centos de fugitivos. O caminho porque passava o exercito estava juncado de cadáveres.



Fig. 03 – A infantaria da Grande Armada numa marcha monótona e cruel misturava-se aos oficiais a cavalo. Diante da realidade cruel de uma marcha sem o apoio logístico e moral toda a arrogância do antigo lustroso e imponente exército napoleônico desaparecera. Fora substituída pela  mais pura e simples busca de sobrevivência humana diante de ameaças e dos perigos extremos.
Cada bivouac parecia no outro dia de manhaã um campo de batalha, logo que algum deles succumbia de fraqueza, os seus camaradas o despojavam ate deixallo nu quando elle ainda respirava, para se cobrir com os restos de seus vestidos. Todas as casas e granjas eram incediadas; cada terreno incendiado estava cuberto de cadáveres; porque os que pudiam aproximar-se delles naõ tinham tido forças para se retirar, quando as chamas se estendiam, e eram assim devorados por ellas. As estradas estavam cubertas de prisioneiros que naÕ tinham necessidade de quem ós vigiasse. A tantos horrores succediam outros horrores. Desfigurados pela palidez e fumo, arranjavam- se ao redor do fogo, como outros tantos espectros, sobre os cadavres de seus camaradas, até que caíssem e morressem como elles. Grande numero, que tinha os pés nüs e já gangrenados, estava reduzido ao estado de imbecilidade, e apenas marchava : outros tinham perdido a palavra, naõ podiam fallar. Ate se observaram alguns, cahir, pelo excesso do frio e fome, em uma espécie de estúpido phrenesim, chegando ao excesso de assar e comer a carne de seus camaradas, ou roer os seus braços. Havia alguns que naõ tendo força para trazer a lenha com que alimentassem o fogo, se assentavam sobre os corpos de seus camaradas juncto a um pequeno fogo com o qual eles se extinguiam. Neste estado de insensibilidade, se acharam alguns que dirigindo-se machinalmente para o fogo, pela necessidade de se aquecer se queimavam voluntariamente dando lamentáveis gritos ; e eram seguidos por outros que experimentavam a mesma sorte. Em uma palavra, sô aquelles que tiveram a infelicidade de ser testemunhas de um taÕ horroroso espectaculo, podem ter uma idea de tantas calamidades reunidas, e de que os annaes do mundo naõ offerecem outro exemplo


Fig. 04 –  O Congresso de Viena numa  elegante reunião com intervalos de atos mundanos nos quais estrearam  e dominavam as valsas vienenses. Durou do dia 02 de maio de 1814 até 09 de junho de 1815 com gastos e exibições de luxo e poder que consumiram fortunas enquanto o povo via os impostos ir até as núvens A nobreza europeia retomava o seu lugar depois da Revolução Francesa e o império do plebeu Napoleão Bonaparte. Este foi derrotado definitivamente em Waterloo no dia 18 de julho de 1815, uma semana após o encerramento do Congresso onde todo já estava decidido.

A divisaÕ de Wilna, do General Loison, tinha chegado a Koenigsberg, éra pouco mais ou menos de 10.000 homens pela maior parte Alemaens: ella tinha sido enviada ao encontro do exercito até Ozmiana, 7 milhas (50 wersts) de Wilna, para proteger a sua retirada. Em menos de quatro dias esta mesma divisaõ, sem ter combatido, foi reduzida a 3.000, somente pelas fadigas da marcha, e do bivouac; e estes restos ou foram derrotados, ou aprisionados ante esta ultima cidade.
Napoleaõ, o restaurador da Polônia, cujos buletims á poucos mezes asseguravam, que o trovaõ da artilheria Franceza se faria ouvir até na Azia, passou por Wilna aos 24, incógnito, e com a mais modesta equipagem. O exercito de 26 a 28, desfilou de manhã, na mais terrível desordem, entupindo as ruas de cadáveres. Era o exercito para os habitantes objecto de piedade, ao mesmo tempo motivo do riso; porém na manha de 28, no momento cm que foi ouvido o fatal grito de rebate, Cossacos, Cossacos; os soldados subindo das casas corriam ás portas da cidade para fugir a toda a pressa, os Judeus os assaltaram; e dirigiram os seus golpes particularmente contra as guardas, de quem tinham recebido o peior tractamento, e mataram grande numero. Esta precipitação preservou na cidade do incêndio e do saque ; éra a primeira, que, depois de Moscow, tinha escapado á sorte que todas as mais tinham soffrido: de Wilna fôram os Francezes ter a Kowno: apenas 25.000 homens passaram o Niemen; a maior parte da artilheria tinha sido deixada ante ésla primeira cidade, e os restos no ultimo lugar. O resultado, quo  daõ estes tres períodos, he a perca de 100.000 homens entre os quaes ha 50 generaes, e perto de 900 peças de ar tilheria. Desde Kowno, que os Cossacos continuaram a sua ardente perseguição ; e um pequeno numero de fugitivos alcançou o Vistula; e se ali chegou naõ deve sobreviver ao accaso de fer escapado a tanto perigos. As fadigas do soldado o tem demasiadamente exaurido, para que elle naõ succumba ainda quando achasse descanço, e o melhor tractamento ; disto ha exemplo todos os dias nos prisioneiros, que morrem depois da primeira boa comida, que naõ tem força para supportar.



O Colossus  - c.1808-12 – óleo sobe tela 45 3/4 x 41 1/4 in; Museu  do Prado, Madrid
Fig. 05 – O pintor Francisco Goya (1746-1828) esteve ao lado dos revolucionários franceses até descobrir as atrocidades que registrou nos seus dois quadros Fuzilamentos de Maio de 1808. Apesar desta obra foi obrigado ao exílio na França onde faleceu em Bordeus.  Confuso e surdo deixou um dos depoimentos mais misteriosos neste quadro denominado “O Colosso” sobre uma multidão em pânico e fuga precipitada.

Tal he o fim da orgulhosa e extravagante empreza de Napoleaõ: assim se preencheram aquellas promessas, que se imaginava terem sahido de sua bocca como outras tantas sentenças emanadas de um oráculo infallivel. Naõ  he a Russia, mas o tyranno, que a quiz invadir ; que a isto se conduzio por seu irresistível destino. He pela sua que da que a Europa, em ferros, deve recobrar a sua liberdade, a sua reputação, a sua fortuna, esbarravam ante a boa causa, que o Imperador Alexandre sustentou com uma constância taõ heróica. A sentença que se passa a este exercito, e a seu chefe, tem por baze e medida as atrocidades, e a maldade, que os assignalaraõ nas geraçoens futuras, como o mais terrivel flagello, que jamais affligio a humanidade.

Fig. 06 – As antigas casas imperiais retomaram as suas antigas regiões geográficas. Na França o irmão de Luís XVI assumiu o governo sob o nome Luís XVIII A Alemanha e a Itália tiveram de esperar até a década de 1870 para se constituir em estados soberanos unificados.
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A presente narrativa foi escrita no inicio do ano de 1813, no mesmo inverno no qual as operações de guerra ainda continuavam. Estas operações o Correio Braziliense registrou em outra sessão no mesmo número. Evidente que é uma narrativa tendenciosa e a favor do esforço de guerra dos britânicos. Mas numa guerra a primeira vítima a tombar é sempre a Verdade, apesar de a ética jornalística recomendar o princípio de que “a objetividade não existe, mas a honestidade, sim”. Os ingleses continuaram a enfrentar Napoleão até a sua derrota definitiva no dia 18 de junho de 1815 e sua rendição incondicional no verão de 1815.
O fracasso da Campanha da Rússia da Grande Armada eclipsou o mito do guerreiro e estrategista invencível e arruinou a sua carreira política. Napoleão Bonaparte passou o ano de 1813 no rescaldo da tragédia e acumulando inimigos cada vez mais temerários.


Fig. 07 – As plácidas margens do Rio Berezina tomada por banhistas num dia de verão no início do século XXI. Ao longe, uma ponte de concreto atravessa esta região russa. Este serena paisagem  e comum  foi a última jornada na vida de muitos no mortal nos dias 25 e 26 de novembro de 1812 na entrada inverno do hemisfério norte. 

Mathias retomou a sua vida de moleiro em Hermeskeil. Mathias ele já havia casado com Margarida Würtz no dia 09 de fevereiro de 1815 quando se deu o episódio do retorno e dos Cem Dias do governo de Napoleão. Assim é improvável que Mathias tenha participado da Batalha de Waterloo no dia 18.06.1815.


Fonte: Jornal dos Simon - Porto Alegre: AFFSA, nº 03 – fevereiro de 1979, p.3 - 1ª col e rodapé..
Fig. 08 – A assinatura de Mathias Simon no cartório de Hermeskeil na ocasião do seu casamento com Margarida Würtz, no dia de fevereiro de 1815. O cartório estava com a administração local recomposta após a ocupação francesa. Supõe-se que outros documentos relativos à  vida escolar e ao serviço militar de Mathias Simon sob a administração francesa estejam, talvez, em Paris.
O Palatinado da Renânia havia sido retomado, em 1814, dos franceses pela ação dos exércitos prussianos. Estes estavam voltados, em 1815, contra Napoleão. Certamente permaneceram ressentimentos contra os simpatizantes desta ocupação deste território da França, entre 1794 e 1814. Isto propiciava relações tensas com os territórios de cultura e de fala germânica do outro lado do Rio Reno. Estes territórios centrais germânicos iniciaram uma intensa industrialização e consequente urbanização. Para tanto estes germânicos, não só absorviam e acumulavam capitais, mão de obra, matérias primas e recursos técnicos. Com tal política esvaziavam a economia agrária medieval da Renânia Palatinado enquanto os novos donos do território manipulavam, impunham e elevavam artificialmente o custo de vida. Os antigos produtos artesanais e únicos, não podiam competir com os preços dos novos produtos das máquinas programados para a obsolescência imediata conforme os humores da moda passageira manipulada pela propaganda e pelo marketing.  


Fig. 09 – A região do Palatinado Renano, com  Trier, o vale do Mosela e a pequena Hermeskeil foram retomados pelos prussianos da órbita do poder francês. Há uma semelhança como a Alemanha oriental retornando para a órbita ocidental depois da hegemonia de Moscou após a 2ª Guerra Mundial.
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A Família de Mathias Simon, cada vez mais numerosa, avaliou e encontrou uma alternativa para o seu FUTURO na  propaganda do recém constituído Império Brasileiro. Decidiu e aceitou a troca da Europa, em vias de sua industrialização,  para as terras agricultáveis e carentes de mão de obra e de tecnologias tradicionais com milhares de anos de comprovada sustentabilidade


Fig. 10 – A Revolução Francesa (1789) foi um dos índices da erupção da era industrial. A aventura da Invasão da Rússia mostrou os novos e mortais instrumentos da tecnologia aplicada aos exércitos para aterrorizar e matar em massa. A família de Matias e de Margarida, colocada ente o mundo antigo e o novo que estava nascendo,  tinha poucas perspectivas nesta nova e mortal era industrial
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Na próxima postagem serão analisados os contextos e as perspectivas culturais avaliadas e encontradas nas terras americanas por Mathias Simon e a sua família.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.
CORREIO BRAZILENSE Nº 058 – março de 1813  pp 370 - 373

BATALHA de BEREZINA


CONGRESSO de VIENA 02.05.1814 – 09.06.1815

SOLDADOS de NAPOLEÃO ENCONTRADOS 200 ANOS DEPOIS



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