Espaço numérico digital destinado à circulação de informações culturais e de idéias provenientes de pessoas e dos afins dos descendentes físicos ou do pensamento de Mathias Simon (*05.05.1788 –+16.04.1866) e que ele materializou, em 1829, na migração com a sua família para a América.

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Em DIA com a CULTURA dos SIMON – 07

A MESA de MATHIAS SIMON e os FRUTOS da NOVA TERRA.
Fig. 01 –  Os frutos da terra nova
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A cultura de um povo e de uma civilização materializa-se na sua mesa. A mesa sul-rio-grandense está em franca constituição. Contudo é possível destacar as mesas do CAFÉ COLONIAL, do CHURRASCO e do GALETO com VINHO. Originárias de três etnias distintas, estes pratos são oferecidos simultânea, ou sucessivamente, ao longo de  momentos de hospitalidade, de um evento ou de um dia especial.

CAFÉ COLONIAL

Hoje o CAFÉ COLONIAL é um dos grandes atrativos do turismo receptivo do Rio Grande do Sul. Nascido na intimidade dos lares dos colonos, que procuraram esta parte do mundo, ele representa a abundância dos frutos da terra e continua sendo a expressão deste universo, na medida que ele é autêntico.
Círio SIMON
Fig. 02 –  A hora do intervalo e café na roça

Evidente que o CAFÉ COLONIAL foi apropriado pela indústria cultural do turismo e apresenta deformações na medida destas mediações econômicas. Pode-se dizer o mesmo das churrascarias gaúchas.
No caso do CAFÉ COLONIAL ele teria revelado o seu potencial e a sua face econômica na Rodoviária do Morro Reuter
“Morro Reuter é o berço do café colonial, na época em que ainda era distrito de São Leopoldo deram fama nacional ai café com dezenas de iguarias cada vez mais sofisticadas. [..] Junto com as xícaras e bules, vinham para a mesa de pães de trigo e milho, roscas de polvilho, cucas, queijo, lingüiça, morcilha, queijo-de-porco, nata, requeijão, mel, salsicha bock, rocambole, rabanete e pepino, tudo produção própria. Estava nascendo Morro Reuter o logo famoso café colonial, também servido nas mesas da Rodoviária e do Turista” [1].
O que nos interessas aqui é que, apesar do tempo, é possível perceber, na descrição acima, o que era oferecido na mesa da família de Mathias SIMON e proveniente dos produtos básicos proveniente dos frutos de terra.
Gramado - RS
Fig. 03 –  O café na colonial

A cultura luso-açoriana foi a base das churrascarias gaúchas, convertidas na sua face comercial por Alberto Bins, outro descendente de origem germânica[1]. Enquanto o GALETO e o VINHO são ingredientes acrescidos pela imigração italiana.
Esta tríade alimentar deu visibilidade e identidade regional ao Rio Grande do Sul. Contudo nunca quis ser hegemônica. Tanto isto é verdade que não há registro de apropriação de qualquer marca hegemônica e abrangentes destes pratos regionais. Ao seu lado formaram-se, em compensação, numerosos outros pratos sul-rio-grandenses com identidade própria, a ponto de concorrerem e complementarem os três mais divulgados. 

MESA ABERTA ao PODER ORIGINÁRIO BRASILEIRO

A mesa do imigrante alemão, tanto pela sua origem cultural como pela falta de preconceitos, abriu-se  aos pratos das mais variadas origens populares. Assim o prato do feijão e arroz,  nas suas mais variadas influências africanas, constitui-se o prato de resistência também do imigrante alemã.


[1] - As churrascarias gaúchas, no formato comercial, surgiram nos pavilhões gastronômicos dos Pavilhões da Exposição Farroupilhas de 1935. O prefeito Alberto Bins teria adaptado  o tradicional churrasco gaúcho a este evento.  A novidade foi prolongada no comércio dos alimentos de Porto Alegre através de churrascarias  como a Cabana dos Santos e Churrascaria Santo Antônio.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Bins  +  Curiosidades A Exposição foi o berço das nossas atuais Churrascarias. A primeira churrascaria crioula de Porto Alegre funcionou no parque em 1935, na Exposição em homenagem ao Centenário da Revolução Farroupilha, idéia do prefeito Alberto Bins. http://lealevalerosa.blogspot.com/2010/05/centenario-da-revolucao-farroupilha.html  e
Círio SIMON
Fig. 04–  Alimentos indígenas

De outra parte o aipim  e o milho nativos - já domesticados pelo indígena brasileiro - foram re-elaborados e incorporados. Assim na descrição acima, do CAFÈ COLONIAL,  é possível destacar os pães de milho e as roscas de polvilho que mergulham a sua origem na contribuição indígena. A isto é possível acrescenta a farinha de mandioca que acompanha o “moquém”[1] indígena. Isto regado pela circulação democrática da cuia de chimarrão antes, durante e após as refeições.
O imigrante aprendeu, com os tropeiros mineiros e paulistas, os pratos como o arroz carreteiro e os demais pratos dos tropeiros.
Mas foi o café brasileiro e erva-mate indígena que lhe propiciaram  tempo e inspiração para pensar e concretizar pratos onde o açúcar, o mel e os produtos lácteos começaram a reinar em especial nos banquetes dos casamentos, festas dos clubes e nas festas domésticas dos “kerbs”[2]. Nestes “kerbs” e festas não poderia faltar a cerveja. Esta consta nas notícias de 1830 que Jean Baptiste DEBRET registrou no Vol. II, p. 138 [3]  da Colônia de São Leopoldo onde “a importação de lúpulo, que alimentava uma fábrica de cerveja: bebida útil que antes era importada da Inglaterra”
receitas d vovó
Fig. 05 –  A mesa dos doces do kerb.

Ninguém defende o ecletismo, muito menos o culinário. Impõem-se cuidados em especial com regimes alimentares desequilibrados e com sério reflexos na saúde da população inadvertida sobre estes riscos.  Os hábitos alimentares contemporâneos alimentos provenientes das identidades nipônicas, árabes, francesas e a chegada massiva e impositiva da indústria alimentar americana com a franquia das suas lojas de alimentos na linha do trabalho taylorista, constituem o cotidiano da alimentação da atual população sul-rio-grandesnes.
Blog do Churrasco
Fig. 06 –  O churrasco autêntico do peão da fazenda do Rio Grande do Sul.

Um aspecto não pode ser omitido é que estes alimentos da terra eram desprezados ou evitados nas mesas das elites. Estas seguiam com rigor a alimentação européia, com a continuada importação dos seus alimentos. Este hábito se acentua na época de festas  em especial de final de ano.
Assim as partes menos nobres das carnes bovinas eram reservado para os peões constituindo a base de churrasco que eram as sobras bovinnas do período coureiro. O mocotó era alimento de subsistência do escravo.
Outro aspecto seriam os calendários de alimentos incluindo os tabus alimentares para certas datas. Assim a sexta-feira, em especial da quaresma, era vedado o consumo de carnes vermelhas


Sintonize as músicas tradicionais alemãs em:

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