Espaço numérico digital destinado à circulação de informações culturais e de idéias provenientes de pessoas e dos afins dos descendentes físicos ou do pensamento de Mathias Simon (*05.05.1788 –+16.04.1866) e que ele materializou, em 1829, na migração com a sua família para a América.

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quinta-feira, 7 de abril de 2011

PROFESSOR RURAL JOSÉ SIMON e sua OBRA-4

LOCALIZAÇÃO CULTURAL da ESCOLA do MANEADOR

Não se deseja mitificar a Escola Rural de Maneador, nem sua época, muito menos transformar e perturbar o seu lugar por meio de um centro de peregrinação ou turismo de massa, estranhos à sua cultura. Contudo, de outra parte, não se aceitam e se rebatem desqualificações e suspeitas que poderiam pesar negativamente sobre a sua memória institucional.

Foto do arquivo da Família José Simon aos cuidados de Nilza Simon Thums – Não Me Toque – RS
Fig. 01 – A ESCOLA COMUNITÁRIA do MANEADOR, em 14 de JANEIRO de 1933, com os seus 34 PEQUENOS ESTUDANTES. A Escola é particular e ainda sob dependência dos Município de Passo Fundo e anterior ao Estado Novo. A língua materna das crianças é usada com o o objetivo da aprendizagem da língua nacional. Reparar nos trajes dos estudantes que seguem os costumes dos antepassados para vestir as crianças
 
LOCALIZAÇÃO do TABU da ESCOLA do MANEADOR a ser

TRANSFORMADO em TOTEM.

A Escola Rural de Maneador, não foi nenhuma maravilha e nem há sentido de gerar um mito ou qualquer aspiração de retorno até ela e aos dias nos quais ela esteve viva e atuante. Porém o seu projeto civilizatório não será compreendido, corre o risco de ser obnubilado, isolado ou queimado do contexto de outras culturas que continuam o caminho que ela abriu, sem uma pesquisa, registro e divulgação do seu projeto. Para a queima deste projeto contribuem a discriminação passiva ou ativa exercida contra uma cultura e uma etnia taxada de “quinta coluna” na época do Estado Novo. Pior ainda seria pregar-lhe um alfinete nas costas expô-la na vitrine, qual um taxidermista bisonho ao exibir um espécime raro num museu de lepidópteros.
Diante do exposto prossegue-se, neste blog, na tentativa de transformar um possível tabu desta Escola Rural em potencial totem. Realiza-se esta tentativa por meio do estudo de sua cultura, superando tudo aquilo que poderia remetê-la ao taxidermista bisonho ou ao silêncio. Totem a ser construído sem perder o senso do real e que não descarta a mediação da erudição acadêmica e da qual ela era o seu primeiro degrau.
Para vencer o tabu, a classificação arbitrária e a ameaça do silêncio, trabalha-se contra o “pensamento único e fixo”, o “reducionismo cultural” e a “entropia natural” que acompanham qualquer projeto humano. Estas não foram as causas do desaparecimento físico da Escola Rural de Maneador. A percepção de uma nova infra-estrutura com suas mudanças tecnológicas, a mudança de uma cultura e das comunicações, fizeram com que ela se recolhesse dignamente para o seu tempo no qual uma Escola Rural de sua natureza fazia sentido e davam lhe vida.
Fig. 02 – MUSEU da ESCOLA RURAL de TRÉGARVAN- BRETANHA – FRANÇA. http://www.musee-ecole.fr/
A ESCOLA RURAL de MANEADOR SARANDI USAVA o MESMO TIPO de MOBILIÁRIO porém mais POBRE e RÚSTICO.


LOCALIZAÇÃO do MUNDO RURAL da ESCOLA do MANEADOR FACE

ao URBANO.

No senso do real é necessário admitir que a Escola Rural do Maneador consistia fisicamente numa única pequena sala com algumas carteiras coletivas (como da fig.02), toscamente falquejadas e o mínimo de equipamentos para a sua função. Era uma casa de paredes de tábuas de madeira simples, não tratadas e não aplainadas, produzidas pelas rústicas serrarias coloniais a partir da madeira das florestas araucárias derrubadas pelos agricultores. Os nós de pinho, aos se destacarem das tábuas, formavam pares de óculos por onde se infiltravam as rajadas do vento Minuano.
Esta sala fornece uma síntese e uma comunidade em mudança ao mesmo tempo a vinculação com o mundo externo também em busca acelerada de algo coerente com o seu tempo. Esta pequena sala de aula resultava de inúmeros fatores culturais das suas interações entre o mundo interno de uma comunidade local e a disposição para um efetivo preparo desta comunidade para o seu necessário contato com o mundo externo. O objetivo de uma escola rural era criar e manter. Manter o sentido interno do mundo da comunidade que a sustentava. Criar instrumentos para preparar uma nova geração competente para transitar e interagir nas vias públicas do mundo externo multi-étnico em mudanças continuadas.

Museu Olivio OTTO Carazinho – RS
Fig. 03 – A LOUSA, o LAPIS de ARDÓSIA e a SACOLA de ESTUDANTE

As lentas e inexoráveis mudanças, internas e externas da cultura da comunidade do Maneador, foram de tal ordem que a sua Escola Rural foi remetida para o passado, ficando restrita à sua memória. A manutenção física, da autonomia deste projeto, naufragou diante de inúmeros fatores. Entre elas a baixa possibilidade dos imigrantes terem acesso em tempo real à cultura erudita do seu tempo. Possibilidade prejudicada pela premência das suas necessidades básicas materiais, ainda não satisfeitas no plano individual e coletivo. De outra parte a propaganda e o marketing externos, criados artificialmente, entrou em confronto com a natural publicidade interna cultivada pela comunidade. Diante dos interesses externos de receitas culturais prontas, com as quais esta comunidade não podia interagir, colocavam-na como mera receptora passiva. A adequação, entre a cultura exterior e a da comunidade, demorou para ser sincronizada e, quando isto aconteceu, já era tarde demais. Os agricultores sabendo-se portadores de uma cultura erudita contemporânea e de baixo acesso a ela , cultivavam pouca disposição para romperem com os seus conhecimentos multi-seculares que eram seguros e testados por muitas gerações de antepassados. Sabendo-se sobras de populações rurais pobres da Europa cessaram de interagir com a política e a cultura de sua origem desde o momento de seu embarque para a Amárica. Esta cultura europeia, não só os ignorava, mas havia se voltada para a industrialização e o acúmulo - de capital e do proletariado - obrigando a população restante a buscar outros continentes e países. O emigrante pobre - que aceitava vir ao Rio Grande do Sul – trazia, nos seus velhos baús, ideologias arcaicas, frágeis concepções de instituições esclarecidas e a falta de vestígios de alguma hegemonia interna continuada, consistente e coerente com a sua cultura. A ideologia arcaica, desarticulada e as frágeis instituições que os sustentava, enfrentou, no Novo Mundo, a falta de vestígios de alguma hegemonia exercida diretamente sobre as mentes e corpos. O gigantesco e o imenso vazio geográfico que enfrentavam no Novo Mundo, se era apavorante de uma lado, do outro permitiu-lhe a liberdade, tanto de dar continuidade de suas práticas culturais arcaicas, como a introdução, sem grandes oposições, de culturas materiais alheias à sua cultura europeia. A satisfação das necessidades materiais básicas primárias destes imigrantes europeus empobrecidos, comandou o processo da ocupação física, a ferro e a fogo, do gigantesco e imenso vazio geográfico. Conquistaram a posse e o usufruto deste território geográfico das mãos de culturas materiais difusas, mais pobres e ainda mais próximas da Natureza do que eles.
Fig. 04– A POPULAÇÃO de ORIGEM ITALIANA num DIA de FESTA.
Iniciavam num cenário de um imenso vazio geográfico e desprovido de todas as comodidades acumuladas na Itália por séculos de civilização
in CULTURA ITALIANA – 130 anos Org. Antônio Suliani e Frei Rovilio Costa ed. Bilíngue Porto Alegre : Nova Prova , 2005, p. 129.
Outras forças estavam a espera dos imigrantes vindos ao Brasil. No gigantesco, imenso e quase vazio geográfico, estavam sujeitos a costumes e uma política pública a qual tinha dificuldade para resistir. Forças provenientes, em especial, da mão ambígua do Estado ou exercida em seu nome mas de forma avulsa e para interesses pessoais. Ambivalência do mando nas articulações legais de sustentação recíproca. No outro extremo encontraram uma população difusa em situação servil ou escrava, sem possibilidade de deliberar e de decidir por si mesma. Na política pública os imigrantes descobriram, muito tarde, que o seu destino era substituir, com seu braços e trabalho, a população escrava e servil, revertendo todas as vantagens para a mão ambígua do Estado ou exercida por interesses pessoais em seu nome dos quais seriam reféns, se não se organizassem internamente para resistir. Confrontados com as forças do mundo externo o seu pequeno mundo interno tinham enorme dificuldade para resistir e opor a sua autonomia à situação encontrada.


LOCALIZAÇÃO da ESCOLA do MANEADOR na POLÍTICA PÚBLICA.
 
O Estado Novo (1937-1945) evidenciou todos estes rancores, e deu uma amosta singular das incompreensões e proveniente das estreitezas de uma cultura no mando colonial no exercício da política pública. Em pleno século XX, exigia obediência servil absoluta e escrava, comportando-se como no período Colonial ainda não superado no inconsciente coletivo da cultura brasileira. Política pública que desencadeou uma busca forçada e externa de uniformização que atingiu todas as culturas e etnias multi-seculares estabelecidas no Brasil, incluindo a africana e mesmo a indígena. Política pública que não tolerava a cultura dos seus próprios Estados Federais do quais queimou, em praça pública, as suas bandeiras e proibiu os seus hinos.

Fotos do arquivo da Família José Simon aos cuidados de Nilza Simon Thums – Não Me Toque – RS
Fig. 05 – A ESCOLA MUNICIPAL do MANEADOR, em 12 de SETEMBRO de 1940, com os seus 42 PEQUENOS ESTUDANTES PERFILADOS e UNIFORMIZADOS em plena vigência do EDTADO NOVO. A anterior Escola Particular agora é Municipal sob dependência e inspeção das autoridades do Município de Sarandi-RS. A língua materna das crianças é proibida sendo a língua nacional a única e exclusiva forma na aprendizagem. Reparar nos trajes dos estudantes que são agora uniformizados e militarizados para os rapazes. Desapareceu o costume dos antepassados para vestir as crianças com alguns raros rapazes relutantes colocados na última fila da foto.
Este Estado nacionalista totalitário necessitou colocar a escola sob sua tutela para atingir estes objetivos. Tutela que implicou na sua manutenção física e definitiva permitindo-lhe intervenções exclusivas e em qualquer momento. Este Estado totalitário praticou este gesto contra todos os princípios da soberania e autonomia que o Regime Republicano apregoou na sua 1ª fase, pois, como qualquer ditadura, imaginava perigo em tudo o que era estranho ao seu próprio repertório. Este Estado Nacionalista mantinha as suas incompreensões e as estreitezas em relação aos imigrantes apesar destes terem rompido com a sua cultura de origem desde que desembarcaram no Brasil1.

Em pleno vigência do Estado Novo a sua voluntariosa vigilância foi registrada na ata do dia 15.12.1943, pela Inspeção da Escola Rural do Maneador.
Observa-se, entre os alunos, uma defeituosa pronúncia da lingua Pátria, o que é oriundo do uso da habitual da Lingua Alemã, no meio. Esta lingua, apesar de não ser usada na escola, o é em todos os meios da zona, pois os alunos quando entram na escola é que vêm aprender a primeira palavra em Português”.


Leia-se que a intervenção foi definitiva e exclusiva em favor de uma única língua. Contudo há de se ter presente que estas incompreensões e estreitezas tiveram o seu apogeu no período 1930 - 1964. Antes e depois estiveram latentes, incubadas e são para outros estudos2 .

1 - Em relação o Estado Alemão é posterior (1870) à imigração ao Brasil existem singularidades. O imigrante deste país não sonha com a dupla cidadania, pois desde os primitivos Estados alemães exigiam do emigrante a renúncia da cidadania alemã e a própria língua alemã é considerada arqueológica pela cultural alemã atual.

2 - O período 1930/64 é o mais lembrado na imposição da língua nacional. Mas antes a vigilância e a proibição do idioma alemão corrente, já foi praticado na I Guerra Mundial. De outra parte alemães esclarecidos, como Von Kozeritz, Rotermund eA a Associação de Professores Teuto-Brasileiros Católicos eram vozes ativas no culto da Língua Nacional.

Fig. 06– Ata nº 03 do dia 07 de dezembro de 1944 “Os alunos, em sua maioria responderam satisfatoriamente, todas as perguntas que lhes foram feitas, o que revela bom aproveitamento na instrução. Nota-se na escola, a pronuncia bastante carregada dos alunos, sendo isto motivado pelo habitual uso da linguá alemã na colônia local. Pelo bom aproveitamento dos alunos, muitos dos quais vêm aprender a falar o Idioma Pátrio na escola, pode-se avaliar a capacidade e devotamento do professor, pelo que o mesmo se tem tornado credor da consideração de todos os que, em cumprimento da função pública, tenham visitado a escola. Nada mais havendo a registrar, foi lavrada a presente ata.
Pedro Costa Martins. Insp. Esc. Mun.

Provido Faccio

Evaristo Natal Cerbatto
..”
A própria cultura alemã contemporânea percebe uma das suas línguas arcaicas, corrompidas e em franca extinção, nesta cultura do seu migrante radicado no Brasil, que tenta falar o idioma de Goethe.


LOCALIZAÇÃO da ESCOLA do MANEADOR como 
 um FRACTAL de um TODO.

Retornando ao tema da Escola Rural do Maneador, ela teve como professor um cidadão engajado como agente de um projeto civilizatório que se propunha responder aos seu tempo e lugar. Escola Rural destinada à cultura de agricultores engajados, de corpo e alma, a consolidar uma fronteira agrícola, ela tinha na sua frente um dos seus. Exercendo um cargo e uma função pública, por meio de uma sala de aula ele conhecia os limites do seu espaço geográfico, cultural e do seu tempo. Não se trata somente de uma biografia, mas do fractal de um TODO, formado por mundo interno e externo. O objetivo e a competência deste agente era preparar pessoas, do mundo interno desta comunidade, como cidadãs aptas para um mundo externo em transição acelerada.
Numa visão material e objetiva a ESCOLA do MANEADOR representou também a culminância da agricultura de sustentação singular familiar. A sua teleologia imanente era realizar a passagem para a era industrial, representada pela cidade e o triunfo e a sustentação através do trabalho assalariado. A ESCOLA do MANEADOR, constitui um ponto de inflexão entre campo e cidade visíveis nas suas circunstâncias geográfico locais, do seu tempo e da sua base econômica. No seu contexto ela estava colocadas no processo do minifúndio que se esgotava e já ingressava economicamente numa incipiente industrialização como esta acontecendo nas ANTIGAS COLÔNIAS. Enquanto a ESCOLA do MANEADOR esteve viva as NOVAS COLÔNIAS repetiam o ciclo onde os menos abonados iniciavam uma vida nova à maneira dos seus ancestrais. Nesta nova fronteira agrícola abria-se um início de vida para eles. A maioria era oriunda de famílias numerosas dos antigos e minifúndios que haviam atingido o limite de sua produção pelas técnicas tradicionais, e que , agora, necessitavam encontrar um outro início.
Numa visão mais transcendente uma civilização necessita e torna-se transparente nas suas instituições. Esta transparência é visível na ESCOLA do MANEADOR para quem tiver algumas luzes para enxergá-la desta forma. Colocado acima da visão maniqueista, a oposição rural e urbana, o projeto civilizatório transforma as contradições, as torna complementares e as encaminha para outras realidades mais atuais e coerentes, inclusive com o aproveitamento do meio empírico.

Foto de Círio SIMON do arquivo da Família José Simon aos cuidados de Nilza Simon THUMS – Não Me Toque – RS
Fig. 07 – IMAGEM FOTOGRÁFICA PARCIAL de MANEADOR ALTO com a sul CAPELA e ESCOLA no INÍCIO da DÈCADA de 1960.

LOCALIZAÇÃO da ESCOLA do MANEADOR no MUNDO ECONÔMICO

Primeiro item a examinar é o seu projeto institucional em relação ao que pretende na sua própria infra-estrutura. Com a possível distância de um meio século este projeto geral - torna-se mais claro - em muitos pontos e evidente por meio do contraste com outros paradigmas posteriores. Um destes pontos de contraste refere-se a agricultura de sobrevivência em minifúndios, quando ele esgotou o seu ciclo local1.
 
Muitos dos ex-alunos da Escola do Maneador tiveram de emigrar para continuar o projeto da agricultura de sobrevivência nas mesmas bases do minifúndio dos seus ancestrais. Com este projeto em mente, deslocaram-se, inicialmente, para as fronteiras agrícolas de Santa Catarina, depois oeste do Paraná e Mato Grosso. Hoje estes egressos da Escola do Maneador estão espalhados num imenso arco formado pelas fronteiras agrícolas da Bahia, Piauí, Maranhão até as bordas da floresta amazônica.
O próprio projeto do aproveitamento produtivo, das terras da Linha Maneador, evoluiu internamente para uma monocultura mecanizada e cujos produtos são destinados ao agro-negócio sustentado por mediações pontuais do capital monetarístico.
Muitos dos ex-alunos não seguiram o modelo da agricultura de sobrevivência em minifúndios e foram integraram-se na vida urbana constituindo uma classe média em condições de evoluir e dar sustentação para outros paradigmas. Graças aos conhecimentos fundamentais da língua pátria, das operações matemáticas básicas e das ciências básicas da saúde, adquiridos na escola rural do Maneados, integraram-se adaptaram ao novo meio de vida. Esta mudança não foi dramática. Não os empobreceu novamente. Não os jogou em cinturões das tradicionais favelas periféricas à cidade.
Como um índice de civilização da fecunda ação desta escola rural é necessário registrar, que no período, entre os anos de 1930 a 1964, a criminalidade e de violência estão ausentes nesta comunidade. Evidente que esta Escola Rural do Maneador, foi apenas um índice de um projeto de uma sociedade e de uma época. Não se atribui a ela a causa única desta falta de violência e criminalidade. Graças ao conjunto dos projetos civilizadores que impunham investimentos continuados - e até expressivos para as posses dos agricultores de sobrevivência em minifúndios - não há registro de crime hediondo ou contra a propriedade. Ao mesmo tempo não há registro de prisão por delito qualificado.
1 - Até pela relação ao espaço agrícola delimitado - 24 hectares - e a prole deste agricultor – muitas vezes superior a dez- este pequeno espaço obrigou a continuação constante da migração para reproduzir, em outro lugar , a sua cultura arcaica..

Pintura em acrílico de Círio SIMON
Fig. 08 – Os CAMINHOS na FLORESTA do MANEADOR e MIRIM.

Conclui-se que o tratamento preventivo e compensador nos valores locais e exercido por pessoas preparadas para esta função é muito mais barato do que a pura repressão e a manutenção de um presídio. Ressalta-se também o fato desta comunidade investir os seus parcos e sofridos lucros materiais e monetários numa escola colocada num projeto conhecido, apoiada e respeitada por todos os integrantes da comunidade interna. O investimento físico e material do seu trabalho é um índice do papel e da confiança que esta comunidade depositava num projeto que lhes era abstrato e de natureza ampla e transcendente para o seu repertória pragmático.
O contraditório a toda série afirmações, feitas acima, é indispensável. Um contraditório construído coerentemente por meio do estudo documental para a verificação objetiva, não só da sua veracidade, tão bem como as possíveis e as evidentes exceções inerentes sempre a qualquer tese. No conjunto estas afirmações são uma provocação para o seu estudo objetivo. Os arquivos individuais, familiares, de comunidade, de órgãos públicos, das repartições públicas dos municípios dos envolvidos. Estes documentos podem revelar, pela ausência - ou pela presença - de imagens e de registros relacionados à comunidade do Maneador.

LOCALIZAÇÃO do MANEADOR ALTO no 
PANORAMA CULTURAL de 2011

O panorama cultural onde se localizava Escola Rural do Maneador – vista a partir de 2011 – está repleto de outras instituições e que buscam responder em outra época e com novas circunstâncias técnicas e materiais as questões fundamentais de uma civilização brasileira e universal

Fig. 09 – O ASSOCIATIVISMO SOCIAL, CULTURAL e ESPORTIVO que CERCA, em 2011, a LINHA MANEADOR
A sede do município de NOVA BOA VISTA possui a ESCOLA ESTADUAL de ENSINO MÉDIO MONSENHOR MATIAS ANSCHAU e o COLÉGIO SANTOS ANJOS. As comunidades das LINHAS CACHOERINHA, CAÚNA, JABOTICABA, MANEADOR ALTO e BAIXO possuem os salões sociais que continuaram e melhoram os salões de bailes dos fundadores das respectivas comunidades.
As LINHAS MIRIM e LAGEADO contam com salões de CLUBES ESPORTIVOS 1

Clique sobre o mapa para ampliá-lo


Estas outras instituições são uma amostra das potencialidades culturais do minifúndio que gera riquezas coletivas e do usufruto e proveito local. Cultura do minifúndio cujas riquezas permanecem no lugar de sua origem diferente da cultura do latifúndio, que não possui compromisso com a distribuição desta riqueza que gera com a comunidade do município. Latifúndio cujas terras, compreendidas num município, podem ser usadas com “barrigas de aluguel” para interesses e vantagens alheias à comunidade local2.
A Escola do Maneador, como uma instituição, nunca concorreu com ninguém. Não sendo empresa ou corporação com vistas a lucros ou “mais valia”, não concorreu com nenhuma outras organização social e muito menos não requer para si mesma qualquer franquia ou modelo cumulativo.
A Escola do Maneador, como não havia gerado e acumulado valores materiais ou econômicos não foi obrigada a prestar contas quando encerrou as sua atividades. Na área econômica monetária sempre havia praticado o principio do equilíbrio entre receita e despesa. Receita necessária para a construção e a manutenção do seu pequeno espaço físico e das necessidades imediatas, na o que era discutido rigorosamente, arrecadado e prestado contas a pontuais.
Mesmo o contrato, com seu profissional do magistério, era pelo tempo em que durasse esta atuação. Assim não gerou indenizações trabalhistas, aposentadorias vitalícias e muito menos pensões devidas. Esta lado financeiro foi assumido pela Prefeitura Municipal de Sarandi que, a partir de hora da aposentadoria do mestre, continuou a pagar um salário mínimo e sem gerar pensionistas.
Contudo não se julgue esta neutralidade institucional é características apenas das comunidades do imigrantes que ingressaram no Brasil no século XIX ou XX. Já no século XVIII as levas de imigrantes açorianos criavam as sua comunidades e as mantinham sem concorrências, rivalidades ou acúmulo de riquezas materiais. Por sua vez as Irmandades do Rosário, os quilombos e as comunidades afro-brasileiras precederam as açorianas.
Porém o maior sucesso e desenvolvimento, deste tipo de sociedade, trazida pelas diversas vertentes dos imigrantes, ocorreu na área urbana do Rio Grande do Sul. No panorama, do ano de 2011, a maioria dos clubes e associações culturais e esportivas, ativos na Capital e nas cidades polos da cultura sul-rio-grandenses, tiveram a sua origem na mentalidade trazida pelo imigrante e complementares de outras instituições. Complementares de um projeto civilizatório compensador, eles continuam a canalizar, de uma forma continuada, a criatividade e as energias positivas para projetos3 que dignificam a todos numa terra ainda marcada pelos hábitos da escravidão, do latifúndio e dos privilégios de sangue e de origem social. Marca negativa que está na origem de muito desvio de conduta, tanto de quem tem posses como daquele desprovida dela.
Pode-se afirmar que estas instituições formam a base do que hoje existe de bom na civilização brasileira. A escola nunca foi indiferente ou separada deste projeto civilizatório compensador.
A ESCOLA do MANEADOR foi, no seu tempo e lugar, uma das muitas notas desta imensa Sinfonia Brasileira.

MATERIAL LOGÍSTICO do PRESENTE POST relativo à ESCOLA do MANEADOR .


CULTURA ITALIANA – 130 anos Org. Antonio Suliani e Frei Rovilio Costa ed. Bilíngüe Porto Alegre : Nova Prova , 2005, 340 p. il.
FAC-SIMILE e TRANSCRIÇÃO DIGITADA do LIVRO de ATAS das VISITAS dos INSPETORES de ENSINO do MUNICÍPIO de SARANDI à ESCOLA RURAL SÃO JOSE do MANEADOR. Do original deste Livro de ATAS foram preenchidas 14 (quatorze) folhas frente e verso.
IMAGENS do MANEADOR do MANEADOR de DIVERSAS ÈPOCAS. Fotos do arquivo da Família José Simon aos cuidados de Nilza Simon Thums – Não Me Toque – RS


MATERIAL NUMÈRICO DIGITAL RELATIVO à ESCOLA RURAL

FRANÇA – BRETANHA – TRÉGARVAN - MUSEU da ESCOLA RURAL

ALEMANHA Baviera– Escola técnica agrícola

Vídeo do livro do Dr F. E BILZ edições 1894-1897

ESTADO UNIDOS – Escola alternativa no campo

QUADROS DIDÁTICOS para a ESCOLA PRIMÁRIA FRANCESA

IMAGEM de ESTUDANTE PRIMÀRIO FRANCÊS ESCREVENDO COM CANETA DE PENA de AÇO

MUSEU OLIVIO OTTO - CARAZINHO - RS

MUNICÍPIO de NOVA BOA VISTA
Site de Nova Boas Vista – RS http://novaboavistars.com.br/

CLUBES SOCIAIS e ESPORTTIVOS do RIO GRANDE do SUL e a COPA do MUNDO no BRASIL

MOVIMENTO dos SEM TERRA, posterior a ESCOLA do MANEADOR,na FAZENDA SARANDI

COMENTÀRIO de um VEREADOR de um MUNICÌO ONDE PREVALECE o LATIFÙNDIO no RS

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3 - Os clubes do Rio Grande Sul estão tendo reconhecido o seu papal civilizatório compensador quando se aproxima a 1ª Olimpíada no Brasil. Veja matéria de Thamara “Lei coloca R$ 40 milhões à disposição dos clubes” in CORREIO do POVO ANO 116 Nº 188 - PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 6 DE ABRIL DE 2011 – Caderno Arte & Agenda > Clubes/

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