Espaço numérico digital destinado à circulação de informações culturais e de idéias provenientes de pessoas e dos afins dos descendentes físicos ou do pensamento de Mathias Simon (*05.05.1788 –+16.04.1866) e que ele materializou, em 1829, na migração com a sua família para a América.

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terça-feira, 22 de março de 2011

Em DIA com a CULTURA dos SIMON – 13.


As NOVAS COLONIAS e a
DIASPORA dos NETOS e dos BISNETOS de
 MATHIAS SIMON.

O panorama, observado a partir de 2011, da ocupação do Alto Uruguai, pelos descendentes dos europeus, é possível dividi-lo cronologicamente em cinco etapas. A 1ª etapa foi aquela que aconteceu ao longo  do Período Colonial, dominado pelas potencias ibéricos em constante conflito entre castelhanos e lusos. A 2ª etapa desta ocupação foi aquela sob o Estado Brasileiro no Período Imperial. Contudo interessa-nos, no momento, a 3ª etapa desta ocupação  e que corresponde à época da 1ª República. Configura-se uma 4ª etapa com a Revolução de 1930. Esta encerra a República Velha impõe e se estende até a inauguração de Brasília em 1960. A partir desta data e com a nova capital, vive-se uma 5ª etapa distinta das anteriores e com profundas alterações no campo e no minifúndio  e seu modo de produção. Intensifica-se a ocupação agrícola do Oeste Brasileiro e parte da Amazônia. Os capitais, as experiências e mão de obra das NOVAS e VELHAS COLÔNIAS abriram novas fronteiras agrícolas brasileiras. O que foi adquirido  na 3ª etapa da  ocupação do Alto Uruguai no Rio Grande do Sul recriou experiências em  escala gigantesca,
PEDRO WEINGÄRTNER (1853-1929): U artista entre o Velho e o Novo Mundo- 2009 p.. 119 detalhe
Fig. 01 WEINGÄRTNER” Vida Nova” - 1893 (Nova Veneza) com o visual típico da 3ª etapa, que corresponde à época da 1ª República e a implantação das Novas Colônias.

Na terceira fase da ocupação da região do Alto Uruguai acima delineada, os netos e os bisnetos de Matias Simon foram agentes ativos e muitas vezes pioneiros e líderes e comunidades recém  criadas. Esta  fase da ocupação européia desta região do Rio Grande do Sul, vista no panorama brasileiro, corresponde ao início 1ª República e dilata-se ao longo de todo Regime denominado Republica Velha (1889-1930). Ao centro, desta linha de tempo, encontra-se.  governo (1908-1912). de Carlos Barbosa Gonçalves e deu especial impulso a ocupação e solucionou entraves seculares desta região. Este governo reconheceu e encaminhou - da melhor forma e mais humana possível - as velhas pendências com os remanescentes indígenas. Eles eram os primeiros e naturais ocupantes das terras do Alto Uruguai acompanhados por aqueles que migraram, para esta região, quando da instalação das COLONIAS VELHAS quando era designados de “bugres”.
CULTURA ITALIANA – 130 anos – Org. Antonio Suliani e Frei Rovilio Costa ed. Bilíngüe Porto Alegre : Nova Prova , 2005,   p. 212 il.
Fig. 02 –Ricardo Belicanta, agrimensor em Flores da Cunha – RS.  c. 1900  Estes profissionais tiveram  papel relevante no desenho da distribuição das “linhas coloniais”, reservas e toldos indígenas  Eles estavam ao serviço do Estado.

Estas pendências e problemas mal encaminhados da ocupação européia destas terras vinham da 1ª fase. Ocupação esta tentada, se êxito e continuidade, por esporádicas “Bandeiras” que guerrearam abertamente com os missioneiros. De uma forma mais continuada  tropeiros iam atrás do gado vacum e das mulas necessárias para Minas Gerais. Estes tropeiros negociavam com e indígenas missioneiros estendendo a sua ação, direta ou indiretamente, até os jesuítas de Córdoba na Argentina. Alguns tentaram fixar-se nos campos da Vacaria e da atual Passo Fundo.  A partir do Tratado de Madrid (1750) e das guerras contra os missioneiros esta região do Alto Uruguai passou a pertencer de direito ao Brasil.
Fonte GOOGLE EARTH
Fig. 03 – A Tríplice Fronteira e a posição da região das colônias do Alto Uruguai.

Contudo os Tratados ficavam no papel. A região entrou em insegurança e decadência, em especial para o indígena, quando as tropas ibéricas  saíram deste cenário, e se desentenderam entre si mesmas de novo. Assim este Tratado teve ser imposto, de fato, pela armas sul-rio-grandesnese e brasileiras. Isto só aconteceu em 1810 e que abriu a 2ª fase a ocupação e que se arrastou ao longo da época Imperial. Na 2ª fase a região foi um dos palcos da  Revolução Farroupilha (1835-1845) e, depois, da invasão paraguaia e a Guerra (1864-1870). A guerra nunca havia sido bom negócio para o colono europeu e que carregava amargas experiências, seqüelas e lembranças da sua terra de origem, que queriam esquecer. Estas guerras era um dos motivos de abandonar a sua terra de origem e se instalar em pontos específicos no interior do Brasil e do Rio Grande do Sul.
Fonte GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre :  Livraria do Globo  1911 -
Fig. 04 – Na ocupação do Alto Uruguai, as estradas e os meios de transporte dos produtos coloniais foram uma constante da Secretaria de Obras Públicas do Rio Grande do Sul.
A fase inaugural da Republica Brasileira esteve envolta em sangrentos confrontos e lutas internas e uma súbita erupção em  1923. Nesta 3ª, fase da ocupação do Alto Uruguai, não se tratava mais do inimigo externo, mas de suspeitas em relação aos filhos e netos dos imigrantes. Nesta suspeita reforçou-se e cresceu a mentalidade de colocar o colono como tampão ao longo de toda a fronteira entre a Argentina e o Paraguai. Assim os excedentes populacionais – dos minifúndios das VELHAS COLÔNIAS - foram alocados em outros tantos minifúndios espalhados na margem esquerda brasileira do Rio Uruguai.
Fonte GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre :  Livraria do Globo  1911  p. 09
Fig. 05 – Os AGRIMENSORES do ESTADO em AÇÃO medindo, calculando e preparando a documentação para indenizar antigos latifúndios da 2ª fase da ocupação do Alto-Uruguai.

Contingentes de etnias – diferentes da alemã e da italiana - entravam na 3ª fase da ocupação das terras das antigas Missões e no Alto Uruguai. Entre estas etnias distintas estava a russa, a polonesa, a boêmia e inclusive uma colônia judaica de agricultores.
Fonte GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre :  Livraria do Globo 1911 -  p. 09
Fig. 06 – NOVAS ETNIAS. A Primeira República Brasileira buscou contatos com outras etnias e imigrantes que intercalou nas LINHAS das NOVAS COLONIAIS .
O Correio do Povo é mais preciso e registra que, só nos dois primeiros meses do ano de 1911, entraram quase mil imigrantes
"Immigrantes: - Consoante notas officiaes, entraram no Estado,, durante 12 mezes de janeiro e fevereiro findos, 925 immigrantes, constituindo 165 famílias, sendo: 180 allemães; 12 austriacos; 12 hespanhóes; 10 hollandezes; 109 italianos; 58 polacos; 28 portuguezes; 154 russos; 361 suecos e 1 suisso”.   ( Há um século - Correio do Povo – ano 106 – Nº 173 – 22.03.2011. p.19)

As novas etnias foram assentadas em Linhas Coloniais intercaladas com aquelas que eram procedentes das COLÔNIAS VELHAS. Porém  estas fronteiras eram altamente militarizadas e com ativos quartéis bem municiados. Com a Iª Guerra Mundial as. suspeitas e redobrou a vigilância contra as colônias estrangeiras.
Fonte: ECKER, Adari Afonso – A Trilha dos Pioneiros – Disponível em e-book - Google
Fig. 07 – A leitura da descrição de ATI-AÇU - que foi a 1ª sede de atual município de Sarandi-RS  e depois preterida para a atual sede, - fornece um retrato da passagem da 2ª fase dos latifúndios para o regime de minifúndios do Alto-Uruguai. Preste-se atenção especial aos nomes e ao papel e às funções que os agentes desempenharam nesta ocupação

A 4ª fase da ocupação das terras do Alto Uruguai inicia com a Revolução em 1930 e se estendeu  até a inauguração de Brasília (1930-1960). O minifúndio das NOVAS COLÔNIAS, chegou ao seu apogeu material dentro dos hábitos tradicionais deste tipo de produção. Com isto este tipo de produção também atingiu o limite de sua viabilidade econômica e sua reprodução interna. A solução era cair para frente e explorar o potencial agrícola das fronteiras oestes do Brasil, levando junto mãos de obras, capitais e hábitos de cultivo. Hábitos que aos poucos foram se adaptando e mudados, por dentro,  por meio das Ciências Agrárias de profissionais das Universidades.
 Nesta 4ª etapa, além da busca da substituição das importações, cessou o fluxo imigratório massivo e programado pelo Estado.  Os netos e bisnetos de imigrantes caíram sob severa vigilância e suspeitas. Vigilância e suspeitas que chegaram ao paroxismo em especial ao longo do Estado Novo (1937-1945).
Foto do dia 02.02.1937 em Nova Boa Vista – Sarandi – RS – Arquivo do autor
Fig. 08 – João Talheimer  era professor em 1920, em ATI-AÇU a 1ª sede de atual município de Sarandi-RS
Nascido em Frankfurt am Mein na Alemanha trouxe primorosa instrução e em imigração avulsa.
Avô paterno de Lucila Talheimer Simon casada com o Prof. José Simon (1908-1992).
 
Para compensar esta vigilância e suspeita os lideres sul-rio-grandesnes no poder nacional tratavam de implementar uma agressiva substituição das importações. A crise da lavoura cafeeira não fornecia divisas para dar suporte e estas importações. Diante disto a agricultura e a industria nacionais deveriam produzir o que o Brasil consumia. Esta política garantia preço e colocação dos produtos excedentes e uma certa auto-sustentação econômica do minifúndio.
Fonte GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre :  Livraria do Globo  1911
Fig. 09 – Colheita de trigo na Colônia Guarani ..
O esgotamento do espaço útil de seu pequeno espaço físico para as lavouras tradicionais do minifúndio, empurrou levas de migrantes para o Oeste de Santa Catarina e Paraná. Ali aproveitaram o bom momento da substituição das importações e onde reproduziram o que havia aprendido com a geração anterior nas Novas Colônias. Seguiam pelo caminho da estrada de ferro aberta pela República Velha, os passos dos madeireiros e os íngremes e tortuosos caminhos da marcha da Coluna Prestes. Aqueles que não queriam seguir estes caminhos optaram pela fabricação de implementos agrícolas e outros produtos metal-mecânico inacessíveis devido a IIª Guerra Mundial. Este conflito mundial reacendeu as suspeitas contra imigrantes da 4ª e 5ª geração.
Fonte GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre :  Livraria do Globo, 1911
Fig. 10 – Colônia Guarani e o Rio Uruguai na cheia
Numa 5ª fase, o minifúndio do Alto-Uruguai tornou-se inviável  na medida em que insistia na forma tradicional de agir e produzir moldado e introduzido pelos primeiros imigrantes do Período Imperial brasileiro. Alguns tentaram usá-lo como objeto de enfrentamentos ideológicos, ecológicos e tecnológicos. Contudo, estas formas e práticas agrícolas, haviam passado para a História e o meio urbano atraia mais do que a velha cultura histórica. Ele teve de se haver com a dura realidade dos seus limites e das suas competências especificas. Os  seus estreitos limites territoriais eram frágeis diante de tecnologias, e mentalidades de concentração de capitais, de recursos e de gente.  Raros o entendiam os seus novos modos produtivos e menos ainda quem se aparelhasse para trabalhá-lo com a informática, a genética e os novos insumos.
 Com Brasília instalada, levas de migrantes a usaram como trampolim e se transformaram em empresários e dilatavam o seu minifúndio para reinventar o latifúndio no Centro-Oeste. Reforçados pelas tecnologias e manejo do solo avançaram ara o Norte inclusive passando o Equador em Roraima e Amapá. Contudo poucos dos sulistas criados nas NOVAS COLÔNIAS acreditaram no sonho da Transamazônica.
Fonte GOOGLE- EARTH
Fig. 11 – FLORESTA e MINIFUNDIOS – CAMPO e LATIFUNDIOS Para ilustra o processo da ocupação do território doa Alto Uruguai irá se tomar como amostra o que acontece na Linha Maneador Mirim

Os capitais e a mão de obra qualificada do Rio Grande do Sul empregaram somas consideráveis e trabalho redobrado para investir em novas fronteiras agrícolas brasileiras. Porém muitos conservaram as raízes da sua cultura material e imaterial associados com as propriedades adquiridas pelas primeiras levas de agricultores do minifúndio do Alto-Uruguai. Assim muitos dos capitais, recursos e experiências adquiridas no Centro Oeste Brasileiro, estão retornado  ao mundo dos seus ancestrais das NOVAS COLÔNIAS sul-rio-grandenses,  multiplicados por 100.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CULTURA ITALIANA – 130 anos – Org. Antonio Suliani e Frei Rovilio Costa ed. Bilíngüe Porto Alegre : Nova Prova , 2005,  340 p. il.
GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre :  Livraria do Globo 1911, 380 p. il.

PEDRO WEINGÄRTNER (1853-1929): U artista entre o Velho e o Novo Mundo- Ruth Sprung Tarasatchi ..[et al.] São Paulo : Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2009 263 p. ISBN 978-85-99117-15-6
Correio do Povo - ANO 116 Nº 173 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 22 DE MARÇO DE 2011
Pesquisa e edição: DIRCEU CHIRIVINO | chirivino@correiodopovo.com.br

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PASSO FUNDO

CARAZINHO

PALMEIRA das MISSÔES

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1ª SEDE de SARANDI – Ati – Açu Texto de ECKER Adari Francisco

Município de NOVA BOA VISTA

NONOAI

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