A REPRODUÇÃO e a ATUALIZAÇÃO da CULTURA pelos
MEIOS INSTITUCIONAIS da ESCOLA FORMAL
Detalhe central de uma foto do arquivo da Família Simon aos cuidados do jornalista Camilo Simon Porto Alegre
Fig . 01 - O docente Pedro Emanuel SIMON (1888-1966) na 2ª aula da Colônia da Palma, no dia 11 de junho de 1918, motivado e motivando a com a frase “A felicidade dos povos e a tranqüilidades dos Estados dependem da boa educação da mocidade”[1]
[1] - Adaptação da frase: “A felicidade dos povos e a tranqüilidades dos Estados dependem da Boa educçao da Juventude” do estadista espanhol Emílio Castelar y Ripoll (1832-1899) Emilio Castelar y Ripoll Ver http://en.wikipedia.org/wiki/Emilio_Castelar_y_Ripoll
A vida CULTURAL de uma comunidade flui, se desenvolve e se múltipla em ações diversas na medida em que os seus agentes possuem repertórios parecidos, práticas semelhantes repassadas de geração em geração e sem gerar hierarquias de poderes cristalizados e desproporcionais.
O simples aumento vegetativo da população, como se vê na fig. 02, pouco significa para o se desenvolvimento e inclusive pode acelerar a entropia interna. Se esta comunidade com numero crescente de membros, não souber representar-se e expressar um projeto coletivo ela está apta para cair na heteronomia e escravidão. Sem vontade própria constitui apenas uma massa amorfa a espera de alguém que delibere e decida no lugar do exercício do seu próprio arbítrio ao qual abdicaram pela sua passividade . Este projeto amorfo é anulado pela entropia interna certa e fatal na ausência de forças vivas capazes de conferir-lhe uma continuidade no tempo e no espaço. Para descobrir repertórios próximos e mover estas forças vivas, ganhava corpo a figura do profissional da educação da mocidade. Na origem das comunidades rurais isoladas dos imigrantes este agente necessitava, além, de se ocupar desta tarefa profissional, da competência de somar energias, vontades e afetos para o desenvolvimento e a continuidade da história viva destas comunidades
Fonte ARENDT, Isabel Cristina Representação da Germanidade, Escola e Professor
Fig. 02 – ESTUDANTES, DOCENTES, ESCOLAS FORMAIS e a POPULAÇÂO de DESCENDENTES ALEMÃES no BRASIL em 1930 (ARENDT - 2005- p. 86- nota 254)
Evidente que em todos os tempos e lugares, os tiranos, os regimes totalitários encontram o material apropriado para erguer o seu poder nestas comunidades amorfas e sem vontade própria
A organização e a manutenção da escola não vinha pronta do Estado paternalista. Ao contrário, havia necessidade da institucionalização de uma mantenedora. Esta mantenedora era constituída pelos membros da comunidade e que enviavam a sua prole a ela e a controlavam. Depois desta constituição o município nomeava um docente.
Foto do arquivo da Família José Simon aos cuidados de Nilza Simon Thums – Não Me Toque
Fig. 03 – O DOCENTE JOSÈ SIMON (1908-1992) após DOIS ANOS de ESTUDOS de CONTRATOS, de PREPARO PROFISSIONAL no “LEHRERSEMINAR da VOLKSVEREIN” de HAMBURGO VELHO- e os SEUS ESTUDANTES na ESCOLA da LINHA MANEADOR SARANDI-RS no dia 28 de agosto de 1935
Contudo, nesta nomeação a mantenedora era ouvida e tinha voz ativa nos contratos com o poder público. Em muitos casos esta comunidade da LINHA COLONIAL já havia decidido, destacado e enviado para formação especifica no magistério fundamental. De outra parte, esta mesma comunidade designava e favorecia com um lote rural para este candidato e assim fazer esta opção em plena autonomia de sua vontade, para o restante de sua vida e com garantias para a sua família.
Fig. 04 – ESTUDANTES, do ANO de 1931, do “LEHRERSEMINAR da VOLKSVEREIN” de HAMBURGO VELHO-RS
O professor Ervino Jaeger fornece um belo depoimento e que resume a formação, os contratos e o papel dos agentes comunitários:na vida prática de um professor de década de 1930
“Formei-me professor no dia 15 de dezembro ed 1932. Era preciso encontrar uma escola para lecionar e ganhar um poço de dinheiro. Consegui escola particular de São José de Ogerisa, na paróquia de Tapera, na divisa de Não Me Toque. Além de lecionar na escola tive que assumir o serviço da igreja da comunidade: fazer culto aos domingos, dirigir o canto, ser organista e sepultar falecidos [...] Em fins de dezembro escrevi ao padre vigário de Porto Novo (Itapiranga), Padre Theodoro Treis S.J., pedindo se não poderia eventualmente assumir a escola paroquial daquela nova colonização. Parece que a minha carta foi oportuna porque a comunidade acabara de demitir o professor e queriam um professor formado no “Lehrerseminar” do “Volksverein”. Já no dia 07 de Janeiro recebi sua carta de confirmação com a seguinte propostas : 4$000 (quatro mil reis) por aluno, pago pelos pais, moradia grátis e terra para plantar”
Como se pode perceber neste depoimento a colonização do Oeste de Santa Catarina (Contestado)[1] seguiu padrões semelhantes ao do Rio Grande o Sul.
A cultura da família Simon e Afins não se reduz ao culto dos antepassados ou congregar os vivos. Esta cultura busca, além da continuidade dos valores positivos atualizá-los com a civilização que lhe é contemporânea. Em época de cremação em que desaparecem os cultos materializados ao redor de túmulos[2] e de cerimônias relacionadas, há necessidade de buscar outros suportes da transmissão dos valores dos que nos antecederam e recursos adequados a serem entregues para aqueles que constituem a esperança de uma nova geração.
[1] - Veja a obra do Pe Theodor Treis S.J. e a colonização de Itapiranga ( Porto Novo) em
RAMBO, Lorival Inácio Um outro olhar sobre a colonização: a relação homem Natureza. Chapecó : Universidde Regional de Cpaecó. Nov 2007 23 flls il Em [PDF] www.unochapeco.edu.br/saa/tese/6664/Dissertacao_completa.pdf
Fig. 05 – A AULA DEBAIXO da ÀRVORE: DEFASAGEM em PLENO SECULO XXI
Geração mergulhada de corpo e alma nas diversas culturas americanas. Geração competente para dialogar e interagir com todas as origens culturais do Planeta. Dialogar e interagir inclusive com a origem dos seus antepassados europeus. Porém da quais não compreende mais o idioma atual e muito menos interage, há mais de século, com as suas linhas políticas. Linhas políticas de uma Alemanha ou de uma Itália das quais se apartaram para viver e interagir no contexto e na história das Nações e Estados Américas. Quando os seus antepassados partiram ainda não existiam estes estados europeus e nem interagiram para chegar a sua forma contemporânea.
Numa carta de 12.04.1879 o dr Frederico Bier afirmava ao Presidente da Província que
“Não é de se estranhar que os descendentes de colonos conservem no lar doméstico o uso da língua de seus pais; além de não se opor a isso a que sejam bons cidadãos, permite-lhes franco acesso aos imensos tesouros científicos e literários do povo de que são oriundos em benefício até do povo a que pertencem. Porém o próprio interesse pessoal, bem como o do país onde nasceram, exige que todos saibam a língua deste país”. ( Schneider, 1993 p.359)
Mesmo aqueles que dominavam a oralidade da língua dos pais, não tiravam vantagem pública nenhuma, pois não a sabiam ler e nem escrever “Ouvi a muitos velhos colonos velhos, com lágrimas nos olhos, queixarem-se amargamente de que lhe era doloroso o espetáculo de ver seus filhos impossibilitados de assinarem o seu nome” ( Schneider, 1993 p.356)
A escola formal é a fiel depositária é a instituição presente em todas as civilizações
Fig. 06 – A COLONIZAÇÂO de SANTA CATARINA com PARADIGMAS SEMELHANTES na EDUCAÇÂO RURAL das suas CRIANÇAS porém com CULTURA e IDIOMA com VARIANTES de LUGAR para LUGAR.
Numa cultura autêntica impõe-se a necessidade de mostrar, de entender e de assimilar as razões e o sentido central de uma educação ampla e continuada. A urgência é maior numa época na qual a Educação Formal resume-se a uma questão de administração forma externa o longe do piso de uma sala de aula. Época na qual progride a Educação Formal vista apenas como uma boa oportunidade para exibir performances de marketing, “politicamente corretas” e regadas por abundantes estatísticas das quais não se declaram as premissas e objetivos de sua origem e coleta.
Fig. 07– PROFESSORES, do ANO de 1931, do LEHRER SEMINAR da VOLKSVEREIN de HANBURGO VELHO-RS
Na cultura germânica há necessidade também de prestar atenção às matizes e tons distintos na sua adaptação ao âmbito do Brasil. Historicamente divididos entre luteranos e católicos os primeiros imigrantes eram originários de Estados anteriores à unificação 1870, liderada por Bismark.. Assim há distinções culturais e idiomáticas entre os bávaros, os pomeranos e os do Palatinado, só para mencionar algumas. Disseminados em diversos pontos do Brasil e sem comunicação recíproca adaptaram-se às diversas condições locais, em épocas cronológicas e graus de adiantamento na erudição e culturais distintas. Assim existem distinções entre épocas de chegada, caracterizando os antigos e os novos imigrantes vindos da Alemanha unificada e depois de diversos regimes e evolução da língua. Mais recentemente com meios de comunicação massivos, a nova geração não mais aprendeu o idioma dos seus antepassados, não o entende e muito menos o pratica..
Acima destas distinções busca-se contrapor, neste blog, a EDUCAÇÂO que se institucionaliza em sólidos princípios pedagógicos provenientes e experimentados pelo poder originário respaldado por uma cultura, uma tradição de uma educação viva e em permanente circulação. Esta busca orienta-se pelo hábito da integridade intelectual alimentada pelos seus núcleos e motivações mais profundas de civilidade verdade e beleza moral. Em nossa época de mediações e de conteúdos cuidadosamente editados esta permanente busca não se pode dobrar ao marketing de qualquer natureza, mesmo o governamental e muito menos de qualquer espécie de ideologia que imponha o que deliberar e como decidir,
Foto do arquivo da Família José Simon aos cuidados de Nilza Simon Thums – Não Me Toque
Fig. 08 – – DOCENTES das ESCOLAS MUNICIPAIS de SARANDI-RS REUNIDOS nos DIAS NÂO LETIVOS dos MESES de JANEIRO e FEVEREIRO da METADE do SÈCULO XX. Na primeira fila de gravata e braços cruzados o Prof. José Simon, em relação ao qual haverá, a seguir, neste blog, uma série de post’s
A série dos próximos post’s busca mostrar, entender e assimilar a Educação Formal Institucional que mergulha as suas raízes no poder originário ainda não contaminado por outra ideologia redutora e muito menos é dependente de programas partidários.
ARENDT, Isabel Cristina Representação da Germanidade, Escola e Professor - São Leopoldo : UNISINOS, 2005, 393 fl. Disponível em PDF bdtd.unisinos.br/tde.../8/.../representacoes%20de%20germanidade.pdf
KREUTZ, Lúcio – A Associação de professores Católicos da Imigração Alemã no RS, ee a Campnha de Nacionalização do Ensino (1900-1930) veja em
RAMBO, Lorival Inácio Um outro olhar sobre a colonização: a relação homem Natureza. Chapecó : Universidde Regional de Cpaecó. Nov 2007 23 flls il Em [PDF] www.unochapeco.edu.br/saa/tese/6664/Dissertacao_completa.pdf
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SCHNEIDER, Regina Portela A instrução pública no Rio Grande do Sul (1770-1889) Porto Alegre : Ed. Universidade/UFRGS/EST edições, 1993, 496 p ISBN 85-7025-267-9
Lembranças pessoais do LEHRER SEMINAR de duas épocas diferentes:
Século XIX: :Prof. LANZER em http://www.lanzer.com.br/index.php?pg=historia&ver=7
Século XX: Prof Ervino Eugênio JAEGER (24. 07.1913 São Leopoldo- RS – 06.09.2004 Itapiranga - SC) em http://sites.google.com/site/jaegerbrasil/ervinoanna
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Imagem da ESCOLA RURAL POMERODE - SC
Texto e imagem da ESCOLA RURAL em ARROIO GRANDE - RS
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