Espaço numérico digital destinado à circulação de informações culturais e de idéias provenientes de pessoas e dos afins dos descendentes físicos ou do pensamento de Mathias Simon (*05.05.1788 –+16.04.1866) e que ele materializou, em 1829, na migração com a sua família para a América.

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sexta-feira, 22 de março de 2013

SIMON: MEMÓRIAS nas AMÉRICAS - 04.





DEPOIS da CAMPANHA da RÚSSIA de 1812

*O RECOMEÇO nas AMÉRICAS*


FLORESTA na REGIÃO de SÃO JOSÉ do HORTÊNCIO - RS - GOOGLE EARTH –  Detalhe de foto de Maurício Antônio WEBER
Fig. 01 – A floresta já havia sido região de caça indígena e depois refúgio de quilombos de escravos fugidos das fazendas lusitanas a quem não interessavam estas terras para a pecuária extensiva. Nas mãos dos imigrantes alemães revelou um potencial agrícola tanto para a subsistência diversificada como para o comercio com a capital da província do Rio Grande do Sul. Ganhava vida a cultura renovada, ampliada e adaptada para o lado americano trazida  da pequena Hermeskeil do vale do Mosela com Trier como capital e da região do Palatinado Renano,

O ponto de chegada de todos os rebanhos é o matadouro. O ponto de chegada da Grande Armada de Napoleão encontrou o seu matadouro nas geladas estepes da Rússia no inicio do inverno de 1812. Entre os poucos sobreviventes deste rebanho humano estava Mathias Simon.

De outra parte os milhares de EGOS - do período romântico inflamados pelos ideais revolucionários de 1789 - produziram uma cacofonia, um caos e insuportáveis e capazes de desestruturar qualquer moral ou ética coletiva.


Fig. 02 – O cenário que coube para a família de Mathias Simon e de Margarida Würtz imitava as colinas e a cultura agrícola da pequena Hermeskeil. Ficava nos extremos das colônias destinadas aos primeiros imigrantes vindos cinco anos em 1824. Capela Rosário invertia o hemisfério, aproximava em 20 graus mais próximos da linha do Equador em relação a latitude Norte da Hermeskeil natal. O clima médio anual era mais alto, de chuvas mais intensas, concentradas em períodos curtos e a quase ausência de neve.

Fazia sentido, assim, a escolha de um pais no qual este EGO isolado deveria provar o seu real valor para a descoberta de novos horizontes anda não poluídos pelos rebanhos que se acumulavam no meio urbano e cujo volume e força escorriam pelas linhas de montagem industrial.

Nesta vasta perspectiva cultural a migração de Mathias Simon para o interior da floresta brasileira ganha sentido e consistência para ele e para os seus descendentes. Numa palavra ganhavam FUTURO livre do ponto de chegada dos rebanhos humanos que se formavam na Europa no início do século XIX.


Fig. 03 – Foi neste cenário que Mathias Simon sucumbiu vítima de um infarto agudo do miocárdio no dia 16 de agosto de 1866 e que o fulminou aos 78 anos de idade.  Seu corpo encontrou sepultura num cemitério ao lado da antiga capela. Este túmulo foi arrasado por um trator e desapareceu numa estetização apressada e inconsequente para dar lugar para novo visual ao lugar e para outras sepulturas.

A vida de Mathias Simon no Brasil iniciou-se no final do Iº Império, passou pelo Período Regencial (1831-1840), ultrapassou a década da Revolução Farroupilha (1835-1845)  sucumbiu (1866) no IIº Império, com a Guerra do Paraguai (1864-1870) em andamento.

Certamente as memórias do seu serviço militar e de sua participação no segundo semestre de 1812 na Grande Armada napoleônica não saia das suas lembranças cultivadas numa terra distantes ao longo desta vida brasileira. Existe memória oral de que Mathias cantarolava as canções dos soldados franceses até o final de sua existência.

GOBAUT Gaspard (1814-1882) Paisagem com moinho 1870 - Aquarela 27.0 x 37.1 cm
Fig. 04 – Os tradicionais moinhos se espalharam por toda a Europa continental a partir da Idade Média. Substituíam os moinhos romanos movidos por escravos.  Movidos com a energia natural e renovada das águas percorrendo os desníveis do terreno. Estes pequenos engenhos eram frutos  do artesanato, da carpintaria, da marcenaria e com pequenas intervenções da cantaria. Eles são índices das diversas profissões na mesma pessoa e de como o imigrante trabalhava com as suas próprias e inteligência e sem depender incentivos de qualquer natureza a não ser da necessidade básica de sua comunidade.  No Brasil substituíam a força escrava e animal. Com a crise das energias não renováveis e os perigos da energia nuclear os principio de sua energia limpa e renovável sempre tiveram os favores dos ecologistas e mesmo na política, em 2013, estão ganhando de energia da rica economia alemã.

A sua esposa Margarida Würtz certamente foi o vínculo com a cultura e língua germânica do lado de cá do Reno. Vinculo que fundamenta a inclusão do Palatinado da Renânia ao território físico germânico devido à fala e cultura especifica. Porém este nome é também familiar em Wolfisheim da Alsácia, na atua França, origem de Charles Adolphe Würtz (1817-1884) médico parisiense e cientista premiado por suas descobertas biológicas


Fig. 05 –  O pequeno regato que corria no fundo da propriedade de Mathias Simon e da sua família fornecia a água represada para mover o seu moinho colonial. Muito antes de qualquer legislação as suas margens eram preservadas com a mata ciliar. Esta regulava o ciclo das aguas, evitava qualquer erosão e assoreamento dos grandes cursos de água.
   
As energias de Mathias Simon e de Margarida Würtz na América foram direcionadas para a família, para a comunidade dos vizinhos transformados em amigos e o cuidado com os recursos naturais que absorveram. As águas pacíficas do regato de sua propriedade não teriam força nem regularidade  para mover as pedras do seu moinho, se não existisse o cuidado com as matas ciliares que regulavam uma vazão constante e produtiva. As aguas do regato que moviam as pedras das mós do seu moinho não iriam correr com regularidade sem transformar a comunidade dos vizinhos em amigos e colaborando na preservação das fontes deste precioso manancial.


Fig. 06 – As duas mós de pedra do moinho de Mathias Simon resgatadas do local por seus descendentes de Novo Hamburgo. Estes pequenos engenhos artesanais foram desativados frente a concorrência dos grandes moinhos industriais, a crescente urbanização e o abandono dos hábitos e da culinária tradicional doméstica .

A ampliação da comunidade dos vizinhos, transformados em amigos, reflete-se, até 2013, no atual munícipio de São do Hortêncio. Este como uma sólida e coerente base no poder originário e na cultura que conferiu sempre regularidade e convívio continuado de uma comunidade. Comunidade aberta ao mundo externo sem aceitar provocações gratuitas conflitos, marginalidade e desvios de conduta. A descendência de Mathias Simon e de Margarida Würtz seguiu o mesmo caminho de direcionar as suas melhores energias para a família, para a comunidade e o cuidado com os recursos naturais. Em consequência deste tipo de direcionamento dos seus esforços individuais e coletivos dos seus descendentes não há notícia de conflitos, marginalidade ou desvios de conduta.


Fig. 07 – A região de Capela Rosário no Município de São José do Hortência vista de satélite em 2012. A Casa Simon fica no lado esquerdo do ponto exato da convergência das três estradas. Construída para casa comercial por José Simon e depois servindo de salão de baile da comunidade pertence à Associação Familiar Simon e Afins.
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Esta regularidade é índice tanto de uma liberdade responsável como por iniciativas individuais e de realizações dentro dos limites e competências que um estado e uma nação esperam.

Os seus herdeiros destas virtudes cidadãs estão isentos da tentação da busca de glórias, de fortunas e de poder individual e  passageiro e assim estão chegando em 2013 para a 7ª e 8ª geração sem menor vontade ou arrependimento da viagem definitiva que o seu antepassado empreendeu entre os anos de 1828 e 1829. Isto não impede de ampliar a partir da cultura escolhida pelo seu ancestral de manter uma rede cada vez mais ampla com uma cultura planetária.


Fig. 08 – O fundo da Casa Simon, no dia 15de novembro de 2005,  sob as severas condições climáticas de uma região situada a latitude Sul de 29º29’.48’’.67’’’ e uma longitude Oeste de 51º12’.05’’,40’ e numa altitude de 102 m do nível do mar conforme a leitura do satélite.   

A falta de registros escritos de fatos heroicos individuais e coletivos pode indicar a absoluta normalidade de um inconsciente coletivo tanto da família patriarcal como dos seus descendentes.

Nada disso traz sentido e evidência para os moldes da mídia contemporânea. Mídia  voltada para eventos estrondosos e fabricados sob medida pelo marketing e propaganda para lucros imediatos e cumulativos. Mídia cujo horizonte e medida é um repertório de uma inteligência humana de 12 anos mental e cultural.

O horizonte deste inconsciente coletivo constitui a família, a comunidade dos vizinhos transformados em amigos e o cuidado com os recursos naturais ao exemplo de Mathias Simon e de Margarida Würtz. Estes valores são universais para a manutenção de um projeto de uma civilização que aspira deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrou.


Fig. 09 – Um dos umbrais do par situado na porta de entrada da Casa Simon na Capela Rosário do município de São José do Hortêncio. Obra de cantuária em pedra grés da região recebeu um trabalho visual em relevo inspirado em motivos tradicionais da flora e símbolos da fertilidade.

De outro lado constitui uma condenação silenciosa, mas decidida e consciente dos desvios de conduta individual ou coletiva. Desvios que se valem da beligerância gratuita mental, verbal e armada as suas buscas da glória, da posse e do poder.  Agressões que passam por cima dos demais, aniquilam e hipotecam os recursos necessários e indispensáveis para as próximas gerações.


Fig. 10 – A vida de Mathias e de Margarida e de sua prole europeia em Hermeskeil da diocese de Trier da região do Palatinado Renano submetida ao fluxo e refluxos de uma região de fronteiras flutuantes,
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Das profundezas da floresta americana certamente as reflexões de Mathias Simon voltaram-se para as lições que ele trouxe da profundidade das estepes da Rússia. O seu povo vivendo respeitando profundamente as condições das forças naturais soube  transformá-las na mais poderosa arma contra um agressor com as armas mais modernas, poderosas e ostentadas massivamente como nenhuma cultura vira antes. Outra lição foi que a força indomável de um povo se mede pelo seu projeto coletivo que acredita na sua cultura e seus semelhantes. No lado negativo por mais elevado, glorioso e poderoso que seja um líder o seu poder sempre é passageiro e limitado. De outra parte por maior e poderosa seja a tecnologia se ela for usada para fins indevidos, este acumulo de forças é momentânea. Esta tecnologia é cega, cara, exigindo o sacrifício de vidas inocentes e que dissolve imediatamente pela entropia e quando o poder originário.


Fig. 11 – A família Mathias e Margarida migrou para as Américas com seis filhos nascidos em Hermeskeil. Mais quatro filhos nasceram na localidade de Capela Rosário. Estes 10 atingiram 76 descentes já na 2ª geração na virada do século XIX para o XX. No início do século XXI este número  já se aproximadamente 4 mil.
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Não há menor noticia de que Mathias tenha-se valido do trabalho escravo. Como imigrante ele cumpria o contrato para fazer uma frente silenciosa, mas ativa, contra a chaga da escravidão endêmica e legal no Brasil de 1829. Nas áreas ocupadas e exploradas  pelo imigrante o trabalho não era mais regido pelo escambo. Os contratos de trabalho passavam a serem regulados e estipulados através e sobre bases monetárias, muito antes das atuais leis. Supõe-se que a invocação da Capela do Rosário, típica das irmandades submetidas à servidão brasileira, talvez seja índice de um antigo quilombo que se integrou naturalmente ao trabalho da nova comunidade. O exemplo desta autonomia, invocação e legalidade, da parte de Mathias e de Margarida, serviu para que a sua descendência jamais sucumbir ao canto da sereia da escravidão, nem voluntário, nem ativa e muito menos passiva.
O pensamento e exemplo da vida familiar de Mathias Simon e de Margarida Würtz podem regressar ao Velho Continente. Eles estão ainda vivos e coerentes em relação à ecologia e centrados nas questões da autêntica paz. Eles irão juntar-se ao esforço coletivo nestas condições civilizatórias. Reforçarão o objetivo central para que a humanidade tenha um projeto de digno deste nome, de um futuro mais humano e melhor para todos.


Fig. 12 – No dia 15 de novembro de 2005 houve um mutirão na Casa Simon da Capela Rosário. A casa foi construída pelo por José Simon, neto de Mathias Simon. José e sua esposa Catarina Steffens tiveram 14 filhos. O mais velho era Pedro Emanuel Simon,  o genealogista da Família e pai de Paula Simon Ribeiro  atual presidente da AFSA. 


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

CASA SIMON


CAPELA ROSÁRIO São José do Hortêncio




São José do Hortêncio


Entrevista com prefeito de São José do Hortêncio


FOTOS São José do Hortêncio

http://www.ferias.tur.br/fotos/8141/2/sao-jose-do-hortencio-rs.html



WÜRTZ

Charles Adolphe: médico e cientista francês


Empresa Alemã WÜRTZ



MATHIAS SIMON - Assinatura em  09.02.1815  - Fonte: Jornal dos Simon - Porto Alegre: AFFSA, nº 03 – fevereiro de 1979, p.3 - 1ª col e rodapé
Fig. 12 – A busca de imigrantes qualificados e alfabetizados para entender e assinar contratos era um dos objetivos do Império Brasileiro. As relações do Estado Brasileiro de um lado tinham de serem mais atentas e personalizadas com esta cultura letrada  do aquela usada para a massa analfabeta escrava tradicional, Estes imigrantes uma vez conquistado este status alfabetizado faziam de tudo para os seus descentes tivessem a mesma cultura

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