DEPOIS da CAMPANHA da RÚSSIA de 1812
*O RECOMEÇO nas AMÉRICAS*
FLORESTA na REGIÃO de SÃO JOSÉ do HORTÊNCIO - RS - GOOGLE EARTH
– Detalhe de foto de Maurício Antônio
WEBER
Fig. 01 – A
floresta já havia sido região de caça indígena e depois refúgio de quilombos de
escravos fugidos das fazendas lusitanas a quem não interessavam estas terras
para a pecuária extensiva. Nas mãos dos imigrantes alemães revelou um potencial
agrícola tanto para a subsistência diversificada como para o comercio com a
capital da província do Rio Grande do Sul. Ganhava vida a cultura renovada,
ampliada e adaptada para o lado americano trazida da pequena Hermeskeil do vale do Mosela com
Trier como capital e da região do Palatinado Renano,
O ponto de chegada de
todos os rebanhos é o matadouro. O ponto de chegada da Grande Armada de
Napoleão encontrou o seu matadouro nas geladas estepes da Rússia no inicio do
inverno de 1812. Entre os poucos sobreviventes deste rebanho humano estava
Mathias Simon.
De outra parte os
milhares de EGOS - do período romântico inflamados pelos ideais revolucionários
de 1789 - produziram uma cacofonia, um caos e insuportáveis e capazes de
desestruturar qualquer moral ou ética coletiva.
Fig. 02 – O
cenário que coube para a família de Mathias Simon e de Margarida Würtz imitava as colinas e a cultura agrícola da pequena Hermeskeil. Ficava nos extremos das
colônias destinadas aos primeiros imigrantes vindos cinco anos em 1824. Capela
Rosário invertia o hemisfério, aproximava em 20 graus mais próximos da linha do
Equador em relação a latitude Norte da Hermeskeil natal. O clima médio anual
era mais alto, de chuvas mais intensas, concentradas em períodos curtos e a
quase ausência de neve.
Fazia sentido, assim, a
escolha de um pais no qual este EGO isolado deveria provar o seu real valor
para a descoberta de novos horizontes anda não poluídos pelos rebanhos que se
acumulavam no meio urbano e cujo volume e força escorriam pelas linhas de
montagem industrial.
Nesta vasta perspectiva
cultural a migração de Mathias Simon para o interior da floresta brasileira
ganha sentido e consistência para ele e para os seus descendentes. Numa palavra
ganhavam FUTURO livre do ponto de chegada dos rebanhos humanos que se formavam
na Europa no início do século XIX.
Fig. 03 – Foi neste cenário que Mathias
Simon sucumbiu vítima de um infarto agudo do miocárdio no dia 16 de agosto de
1866 e que o fulminou aos 78 anos de idade. Seu corpo encontrou sepultura
num cemitério ao lado da antiga capela. Este túmulo foi arrasado por um trator e
desapareceu numa estetização apressada e inconsequente para dar lugar para novo
visual ao lugar e para outras sepulturas.
A vida de Mathias Simon
no Brasil iniciou-se no final do Iº Império, passou pelo Período Regencial
(1831-1840), ultrapassou a década da Revolução Farroupilha (1835-1845) sucumbiu (1866) no IIº Império, com a Guerra
do Paraguai (1864-1870) em andamento.
Certamente as memórias
do seu serviço militar e de sua participação no segundo semestre de 1812 na
Grande Armada napoleônica não saia das suas lembranças cultivadas numa terra
distantes ao longo desta vida brasileira. Existe memória oral de que Mathias
cantarolava as canções dos soldados franceses até o final de sua existência.
GOBAUT Gaspard (1814-1882)
Paisagem com moinho 1870 - Aquarela 27.0 x 37.1 cm
Fig. 04 – Os
tradicionais moinhos se espalharam por toda a Europa continental a partir da
Idade Média. Substituíam os moinhos romanos movidos por escravos. Movidos com a energia natural e renovada das
águas percorrendo os desníveis do terreno. Estes pequenos engenhos eram
frutos do artesanato, da carpintaria, da
marcenaria e com pequenas intervenções da cantaria. Eles são índices das
diversas profissões na mesma pessoa e de como o imigrante trabalhava com as suas
próprias e inteligência e sem depender incentivos de qualquer natureza a não
ser da necessidade básica de sua comunidade.
No Brasil substituíam a força escrava e animal. Com a crise das energias
não renováveis e os perigos da energia nuclear os principio de sua energia limpa
e renovável sempre tiveram os favores dos ecologistas e mesmo na política, em
2013, estão ganhando de energia da rica economia alemã.
Fig. 05 – O pequeno regato que corria no fundo da
propriedade de Mathias Simon e da sua família fornecia a água represada para
mover o seu moinho colonial. Muito antes de qualquer legislação as suas margens
eram preservadas com a mata ciliar. Esta regulava o ciclo das aguas, evitava
qualquer erosão e assoreamento dos grandes cursos de água.
As energias de Mathias
Simon e de Margarida Würtz na América foram direcionadas para a família, para a
comunidade dos vizinhos transformados em amigos e o cuidado com os recursos
naturais que absorveram. As águas pacíficas do regato de sua propriedade não
teriam força nem regularidade para mover
as pedras do seu moinho, se não existisse o cuidado com as matas ciliares que
regulavam uma vazão constante e produtiva. As aguas do regato que moviam as
pedras das mós do seu moinho não iriam correr com regularidade sem transformar a
comunidade dos vizinhos em amigos e colaborando na preservação das fontes deste
precioso manancial.
Fig. 06 – As
duas mós de pedra do moinho de Mathias Simon resgatadas do local por seus
descendentes de Novo Hamburgo. Estes pequenos engenhos artesanais foram
desativados frente a concorrência dos grandes moinhos industriais, a crescente
urbanização e o abandono dos hábitos e da culinária tradicional doméstica .
A ampliação da
comunidade dos vizinhos, transformados em amigos, reflete-se, até 2013, no
atual munícipio de São do Hortêncio. Este como uma sólida e coerente base no
poder originário e na cultura que conferiu sempre regularidade e convívio continuado
de uma comunidade. Comunidade aberta ao mundo externo sem aceitar provocações
gratuitas conflitos, marginalidade e desvios de conduta. A descendência de
Mathias Simon e de Margarida Würtz seguiu o mesmo caminho de direcionar as suas
melhores energias para a família, para a comunidade e o cuidado com os recursos
naturais. Em consequência deste tipo de direcionamento dos seus esforços
individuais e coletivos dos seus descendentes não há notícia de conflitos,
marginalidade ou desvios de conduta.
Fig. 07 – A
região de Capela Rosário no Município de São José do Hortência vista de
satélite em 2012. A Casa Simon fica no lado esquerdo do ponto exato da convergência
das três estradas. Construída para casa comercial por José Simon e depois
servindo de salão de baile da comunidade pertence à Associação Familiar Simon e
Afins.
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Esta regularidade é
índice tanto de uma liberdade responsável como por iniciativas individuais e de
realizações dentro dos limites e competências que um estado e uma nação
esperam.
Os seus herdeiros destas
virtudes cidadãs estão isentos da tentação da busca de glórias, de fortunas e
de poder individual e passageiro e assim
estão chegando em 2013 para a 7ª e 8ª geração sem menor vontade ou
arrependimento da viagem definitiva que o seu antepassado empreendeu entre os
anos de 1828 e 1829. Isto não impede de ampliar a partir da cultura escolhida
pelo seu ancestral de manter uma rede cada vez mais ampla com uma cultura
planetária.
Fig. 08 – O
fundo da Casa Simon, no dia 15de novembro de 2005, sob as severas condições climáticas de uma
região situada a latitude Sul de 29º29’.48’’.67’’’ e uma longitude Oeste de
51º12’.05’’,40’ e numa altitude de 102 m do nível do mar conforme a leitura do
satélite.
A falta de registros
escritos de fatos heroicos individuais e coletivos pode indicar a absoluta
normalidade de um inconsciente coletivo tanto da família patriarcal como dos
seus descendentes.
Nada disso traz sentido
e evidência para os moldes da mídia contemporânea. Mídia voltada para eventos estrondosos e fabricados
sob medida pelo marketing e propaganda para lucros imediatos e cumulativos.
Mídia cujo horizonte e medida é um repertório de uma inteligência humana de 12
anos mental e cultural.
O horizonte deste inconsciente
coletivo constitui a família, a comunidade dos vizinhos transformados em amigos
e o cuidado com os recursos naturais ao exemplo de Mathias Simon e de Margarida
Würtz. Estes valores são universais para a manutenção de um projeto de uma
civilização que aspira deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrou.
Fig. 09 – Um
dos umbrais do par situado na porta de entrada da Casa Simon na Capela Rosário
do município de São José do Hortêncio. Obra de cantuária em pedra grés da
região recebeu um trabalho visual em relevo inspirado em motivos tradicionais
da flora e símbolos da fertilidade.
De outro lado constitui
uma condenação silenciosa, mas decidida e consciente dos desvios de conduta
individual ou coletiva. Desvios que se valem da beligerância gratuita mental,
verbal e armada as suas buscas da glória, da posse e do poder. Agressões que passam por cima dos demais,
aniquilam e hipotecam os recursos necessários e indispensáveis para as próximas
gerações.
Fig. 10 – A vida
de Mathias e de Margarida e de sua prole europeia em Hermeskeil da diocese de
Trier da região do Palatinado Renano submetida ao fluxo e refluxos de uma região
de fronteiras flutuantes,
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Das profundezas da
floresta americana certamente as reflexões de Mathias Simon voltaram-se para as
lições que ele trouxe da profundidade das estepes da Rússia. O seu povo vivendo
respeitando profundamente as condições das forças naturais soube transformá-las na mais poderosa arma contra um
agressor com as armas mais modernas, poderosas e ostentadas massivamente como
nenhuma cultura vira antes. Outra lição foi que a força indomável de um povo se
mede pelo seu projeto coletivo que acredita na sua cultura e seus semelhantes.
No lado negativo por mais elevado, glorioso e poderoso que seja um líder o seu
poder sempre é passageiro e limitado. De outra parte por maior e poderosa seja
a tecnologia se ela for usada para fins indevidos, este acumulo de forças é
momentânea. Esta tecnologia é cega, cara, exigindo o sacrifício de vidas
inocentes e que dissolve imediatamente pela entropia e quando o poder
originário.
Fig. 11 – A família
Mathias e Margarida migrou para as Américas com seis filhos nascidos em
Hermeskeil. Mais quatro filhos nasceram na localidade de Capela Rosário. Estes
10 atingiram 76 descentes já na 2ª geração na virada do século XIX para o XX.
No início do século XXI este número já
se aproximadamente 4 mil.
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Não há menor noticia de que
Mathias tenha-se valido do trabalho escravo. Como imigrante ele cumpria o
contrato para fazer uma frente silenciosa, mas ativa, contra a chaga da
escravidão endêmica e legal no Brasil de 1829. Nas áreas ocupadas e
exploradas pelo imigrante o trabalho não
era mais regido pelo escambo. Os contratos de trabalho passavam a serem regulados
e estipulados através e sobre bases monetárias, muito antes das atuais leis. Supõe-se
que a invocação da Capela do Rosário, típica das irmandades submetidas à
servidão brasileira, talvez seja índice de um antigo quilombo que se integrou
naturalmente ao trabalho da nova comunidade. O exemplo desta autonomia,
invocação e legalidade, da parte de Mathias e de Margarida, serviu para que a
sua descendência jamais sucumbir ao canto da sereia da escravidão, nem
voluntário, nem ativa e muito menos passiva.
O pensamento e exemplo da
vida familiar de Mathias Simon e de Margarida Würtz podem regressar ao Velho
Continente. Eles estão ainda vivos e coerentes em relação à ecologia e centrados
nas questões da autêntica paz. Eles irão juntar-se ao esforço coletivo nestas
condições civilizatórias. Reforçarão o objetivo central para que a humanidade
tenha um projeto de digno deste nome, de um futuro mais humano e melhor para
todos.
Fig. 12 – No
dia 15 de novembro de 2005 houve um mutirão na Casa Simon da Capela Rosário. A
casa foi construída pelo por José Simon, neto de Mathias Simon. José e sua
esposa Catarina Steffens tiveram 14 filhos. O mais velho era Pedro Emanuel
Simon, o genealogista da Família e pai
de Paula Simon Ribeiro atual presidente
da AFSA.
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS
CASA SIMON
CAPELA ROSÁRIO São José do Hortêncio
São José do Hortêncio
Entrevista
com prefeito de São José do Hortêncio
FOTOS São José do Hortêncio
http://www.ferias.tur.br/fotos/8141/2/sao-jose-do-hortencio-rs.html
WÜRTZ
Charles Adolphe: médico e cientista francês
Empresa Alemã WÜRTZ
MATHIAS SIMON - Assinatura em 09.02.1815
- Fonte: Jornal dos Simon - Porto Alegre: AFFSA, nº 03 – fevereiro de 1979, p.3 - 1ª col e rodapé
Fig. 12 – A busca
de imigrantes qualificados e alfabetizados para entender e assinar contratos
era um dos objetivos do Império Brasileiro. As relações do Estado Brasileiro de
um lado tinham de serem mais atentas e personalizadas com esta cultura
letrada do aquela usada para a massa
analfabeta escrava tradicional, Estes imigrantes uma vez conquistado este
status alfabetizado faziam de tudo para os seus descentes tivessem a mesma
cultura
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